quarta-feira, 29 de julho de 2015

A fé transforma

Existe uma questão que por vezes é levantada e tem sido argumento dos que não creem para atacar a fé.  A pessoa que crê em Jesus é imediatamente salva?  SIM, isso aconteceu com o ladrão crucificado ao lado de Jesus (Lucas 23:43). Porém gostaria de ressaltar algo, a fé é concedida por Deus e se veio DELE, obrigatoriamente deve ser verdadeira, sendo então verdadeira, produzirá  transformação. O ladrão acima citado mudou sua atitude quando reconheceu que ele era pecador, e JESUS inocente.
Quando alguém aceita a Salvação por meio do sacrifício de Cristo, e por meio da fé toma posse da graça de Deus, esse alguém não permanece da maneira como está.
Nasce no seu coração um desejo de mudança, pois seus olhos são abertos para que veja quanto mal o pecado tem causado a si mesmo e como ele entristece a Deus.
Quando você entende que foram seus pecados que pregaram JESUS na cruz e o expuseram de uma maneira tão dolorosa, vergonha e arrependimento tomam conta da alma.
Isso não vem de você mesmo, mas o Espírito Santo de Deus é quem convence do pecado, da justiça e do juízo. (João 16:8)
Ele age em sua consciência e faz você enxergar o que antes estava encoberto pelo pecado.
Algumas pessoas tem dificuldade em entender a salvação por meio da fé. Para elas, isso fere a moral, pois como poderia um homem que viveu sua vida de modo pecaminoso, ser salvo por meio da fé?
Gostaria de lembrar que a verdadeira fé traz consigo transformação. Você não será o mesmo quando a verdadeira  entrar em seu coração.
Estive lendo um sermão de Charles Haddon Spurgeon e separei alguns trechos que irão ajuda-lo a entender que a fé transforma.

Uma Defesa da Doutrina da Justificação pela Fé
Sermão Pregado por C. H. Spurgeon, no Tabernáculo Metropolitano, Newington

Fomos informados que a doutrina da “salvação imediata”, mediante a fé em Jesus Cristo, é muito perigosa. Dizem que certamente isso levará à degradação da moralidade pública, pois os homens não buscarão nem investirão nas virtudes práticas quando “somente a fé” é levantada a uma tão elevada posição. Dizem que se for assim, isso seria um erro grave e ai de quem levar os homens a esse erro!

Mas gostaria de informar que estamos todos prontos para definir o nosso “selo”, que é declarar da maneira mais clara possível que os homens são salvos pela fé em Jesus Cristo e salvos no momento em que crêem! Nós todos confessamos e ensinamos que esse é um tipo de conversão – e que quando os homens são convertidos tornam-se em “outros homens”, diferentes do que eram antes – e começa uma nova vida que culminará na glória eterna.
Algumas pessoas dizem: “Você diz à essas pessoas que elas serão salvas após elas acreditarem em Cristo.” Exatamente isso. “Mas, por favor, me diga o que você quer dizer por ser salvo, senhor?” Eu direi, com grande prazer. Não queremos dizer que essas pessoas vão para o céu quando morrerem, independentemente do seu caráter.  É necessário que haja transformação, portanto eles serão salvos de viver como viviam – de serem o que são agora – salvos da libertinagem, da desonestidade, da embriaguez, do egoísmo e qualquer outro pecado que eles possam ter vivido. A coisa pode ser facilmente posta à prova! Se puder ser mostrado que aqueles que creram no Senhor Jesus foram salvos de viver em pecado, nenhum homem racional deveria levantar qualquer objeção à pregação de tal Salvação!

Salvação do pecado é uma coisa que todo moralista deveria recomendar e não censurar – e essa é a salvação que nós pregamos. Receio que alguns imaginam que eles só têm que acreditar em uma coisa ou outra, e irão para o céu quando morrer. E que precisam apenas sentir uma certa emoção singular e está tudo certo com eles. Agora, se algum de vocês tem caído nesse erro, que Deus, em Sua misericórdia, tire-o daí, pois não é todo tipo de fé que salva, mas somente a fé dos eleitos de Deus. Não é qualquer tipo de emoção que muda o coração, mas a obra do Espírito Santo.
Se você verdadeiramente acreditou em Jesus Cristo, vai se tornar, a partir daquele momento, um homem diferente do que era. Haverá uma mudança em seu coração e alma, na sua conduta e na sua conversa. E, vendo que você mudou dessa maneira, aqueles que foram honestos opositores deixarão rapidamente as suas acusações, pois eles estarão na condição de quem viu o homem que foi curado com Pedro e João e, portanto, não podia dizer nada contra eles.
O mundo exige fatos e é isso que estamos fornecendo! É inútil gritar nosso remédio com palavras – devemos apontar para a cura. Sua mudança de vida será o argumento mais grandioso do Evangelho, se essa vida é para mostrar o significado do meu texto – “E os que são de Cristo crucificaram a carne com as suas paixões e concupiscências.”

Observe, em primeiro lugar, que O RECEBER JESUS CRISTO PELA FÉ É, EM SÍ, É UMA CONFISSÃO DE QUE TEMOS CRUCIFICADO A CARNE COM SUAS PAIXÕES E CONCUPISCÊNCIAS. Se a fé é como uma confissão, porque dizer que não está relacionado com uma vida santa? Deixe-me mostrar que esse é o caso. Fé é a aceitação de Jesus Cristo. Em que aspecto? Bem, principalmente como um Substituto. Ele é o Filho de Deus e eu sou um culpado pecador. Eu mereço morrer – o Filho de Deus fica no meu lugar e sofre por mim. E quando eu creio NELE eu O aceito permanentemente.

Crer em Jesus era de uma forma muito bonita estabelecida na velha cerimônia da Lei, quando a pessoa trazia um sacrifício, colocava as mãos sobre a cabeça do novilho ou cordeiro e assim aceitava que a vítima ficasse em seu lugar, de modo que o sofrimento da vítima deveria ser seus sofrimentos. Agora, nossa fé aceita a Jesus Cristo como permanente em nosso lugar. O núcleo e coluna da confiança da fé reside no seguinte:
“Ele carregou, o que eu nunca poderia suportar.

Cristo para mim, Cristo em meu lugar. Agora, tente captar o seguinte pensamento. Quando você crê, você aceita Cristo estando em seu lugar e professa que o que Ele fez, Ele fez por você – E o que Cristo fez em cima daquele madeiro? Ele foi crucificado e morto. Acompanhe o pensamento e perceba bem que pela fé você se considera como morto com Ele – crucificado com Ele.

Você está agora nEle – crucificado com Ele, morto com Ele, sepultado com Ele, ressuscitado com Ele e glorificado com Ele – porque Ele representa você e sua fé aceitou a representação.
A conversão começa com o concordar em ser considerado morto com Cristo para o pecado – não temos nós, aqui, a pedra fundamental da santidade?
Observe, também, que se seguir os mandamentos de Cristo, o primeiro passo que um cristão tem a dar depois que aceitou a posição tomada pelo Senhor Jesus, é outra confissão mais pública do que o primeira, ou seja, o seu batismo. Pela fé, ele aceitou a Cristo como morto em seu lugar, e refere a si mesmo como estando morto com Cristo. Agora, cada homem morto deve ser enterrado, mais cedo ou mais tarde. E assim, quando vamos para a frente e confessamos a Cristo, somos “sepultados com ele pelo batismo na morte; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos, pela glória do Pai, assim andemos nós também em novidade de vida.” (Romanos 6:4)

E a essência do batismo é ser enterrado com Cristo, porque eu estou morto com Ele.
Aquele que realmente acredita e sabe o que é ser sepultado com Cristo, começou – na verdade, ele já tem, em certo sentido, efetuado completamente – o que o texto descreve como a crucificação da carne com as suas paixões e concupiscências. Porque, caros amigos, nunca devemos nos esquecer  que o grande objetivo pelo o qual nos lançamos a Cristo é a morte do pecado!
Ele vem para dar o perdão, mas nunca o dará, sem dar arrependimento junto!

Ele vem para justificar, mas não justifica sem também santificar. Ele veio para nos libertar, não somente de ti, oh morte! Nem somente de ti, oh inferno! Mas de você, oh Pecado, a mãe da Morte, o progenitor do inferno!
Quando eu acreditei que Jesus era o Cristo [O Salvador] e descansei minha alma nEle,  senti em meu coração, a partir desse momento, um intenso ódio ao pecado.
Eu o tinha amado antes, alguns pecados particularmente, mas esses tornaram-se, a partir daquele momento, os mais detestáveis para mim e, embora a propensão para eles ainda esteja lá, o amor para eles não existia mais.
E quando eu, em qualquer momento pecava, sentia uma dor interior e horror em mim mesmo por fazer as coisas que antes eu concordava e gostava. Meu prazer para com o pecado tinha desaparecido.
Antes de aceitar a Cristo, não percebia o pecado pois ele estava escondido em meio à escuridão da minha alma. Eu era ignorante e não sabia o que era pecado, pois era noite como em qualquer alma, mas, sendo encorajado a destruir o mal, meu espírito arrependido pegou emprestado lanternas e tochas, e saiu como se estivesse perseguindo um ladrão.
E eu busquei a Deus para me ajudar, dizendo: “Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração; prova-me, e conhece os meus pensamentos” [Salmos 139.23]. Não cessei até encontrar  as minhas transgressões secretas. Essa busca interior é uma das minhas ocupações mais constantes. Desperte para um exame rigoroso da sua natureza e não mais tolere que seu coração seja esconderijo para o mal!

Olhei para o meu pecado diante de Deus e abominava-me no pó e nas cinzas (Jó 42.6). Meu pecado era vermelho como o carmesim diante dEle e diante de mim também. Julguei-o e o condenei  como a um criminoso para morrer.
E nada podia abalar meu coração desse propósito, que eu deveria matar todos os assassinos de Cristo.
Oh pecado, quão vergonhoso uma coisa pode ser por sua causa! Eu vi que tudo é baseado, intermediado, e desprezívelmente concentrado em você! Meu coração machucou o pecado através do arrependimento, feriu-o com censuras e o golpeou negando a mim mesmo.
“Oh, como eu odeio os meus desejos que crucificaram o meu Deus!
Aqueles pecados que perfuraram e pregaram sua carne rapidamente, no madeiro mortal! Sim, meu Redentor, eles devem morrer!
Meu coração assim decretou: Não vou poupar os culpados pelos quais meu Salvador sangrou”.

Ele expôs meu pecado diante de meus olhos, até mesmo o secreto ficou diante da luz da Sua Face! Eu fiquei bem perto de entrar em desespero! Mas o meu espírito se ergueu, porque eu sabia que estava perdoado, e disse: “Jesus Cristo me perdoou, porque eu acreditei nEle. E eu vou levar minha carne à morte crucificando-a na Sua Cruz“.
Portanto cada homem que crê em Jesus imediatamente se esforça para  livrar-se do pecado. E você pode se certificar que acreditou em Jesus Cristo ou não, vendo se há uma mudança em suas motivações, sentimentos, vida e conduta.
O fenômeno da conversão é único, mas o efeito da conversão é mais singular ainda! E não é uma coisa escondida – pode ser visto a cada dia. Se for simplesmente uma emoção na qual o homem sentiu uma aflição de espírito e, em seguida, pensou que estava em paz e ficou feliz porque se auto satisfez, eu não verei qualquer bem particular nele. Mas se é verdade que a regeneração altera os gostos e afetos dos homens, no final, as alterará radicalmente, transformando-as completamente em novas criaturas!
Podemos então ir um passo adiante e dizer que A RECEPÇÃO DE JESUS CRISTO NO CORAÇÃO PELA FÉ SIMPLES É CALCULADA PELA CRUCIFICAÇÃO DA CARNE. Quando um homem crê em Jesus, a primeira força que o ajuda a crucificar a carne é que ele tem visto a maldade do pecado, na medida em que viu Jesus, seu Senhor, morrer por causa disso.
O pecado cobriu o mundo com opressão e por isso tem esmagado o animo de muitos, e quebrado o coração de milhares! O pecado gerou a escravidão, a tirania, revolta, calúnia e perseguição! O pecado tem sido o fundamento de todos os sofrimentos humanos.
“Ele foi ferido pelas nossas transgressões, e moído pelas nossas iniquidades, o  castigo que nos traz a paz estava sobre Ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados”.
(Isaías 53.5)
Contudo, Ele nos amou, ainda nos amou! As muitas águas não poderiam apagar Seu amor, nem as inundações poderiam afogá-lo. Quando eles O pregaram no madeiro, Ele ainda nos amou. Quando cada osso foi deslocado, Ele chorou em monólogo triste, “Como água me derramei, e todos os meus ossos se desconjuntaram; (Salmo 22.14)” Ele nos amou ainda! Quando os cães O cercaram e os touros de Basã O rodeavam (Salmo 22.12), ainda nos amou.

Até quando bebeu a última gota da bebida indizivelmente amarga, Ele nos amou! E quando a luz brilhou em Seu rosto e Ele pôde dizer: “Está consumado”, aquela luz brilhou sobre a face daquele que ainda assim nos amou! Agora, cada homem a quem foi concedido o crer em Jesus e conhecer o Seu amor, diz: “Como posso ofendê-LO? Como posso entristecê-LO? Há ações nesta vida que eu poderia fazer de outra maneira, mas agora não me atrevo, pois tenho medo de maltratar meu Senhor”.
Eu não posso me rebelar contra tamanha bondade. Seu amor ensanguentado me acorrenta. Como posso fazer tão grande maldade como colocar o meu sofrido Senhor na vergonha?”
Jesus olha para você e Ele pode, com um olhar, expulsar o egoísmo, a covardia, e tudo o que nos impede de nos oferecermos como um sacrifício a Ele!
Quando estamos mais uma vez cheios de amor a Ti, Oh Jesus, o pecado torna-se o dragão contra o qual temos uma guerra ao longo da vida! A santidade se torna a nossa mais nobre aspiração e a buscamos com todo nosso coração, alma e força!  
O ESPÍRITO SANTO ESTÁ COM O EVANGELHO E ONDE ELE ESTÁ, A SANTIDADE SERÁ PROMOVIDA.
Nunca há um sermão sobre o Evangelho pregado por um coração sincero sem que o Espírito Santo esteja lá, tomando as coisas de Cristo e as revelando aos homens.
Agora, se você for para o terceiro capítulo do Evangelho de João e também em suas epístolas, comprovará que a fé está sempre ligada com a regeneração, e o  novo nascimento, novo nascimento que é obra do Espírito de Deus. Esse mesmo capítulo de João nos diz: “Necessário é nascer de novo“, e continua a dizer: “E, como Moisés levantou a serpente no deserto, assim importa que o Filho do homem seja levantado; Para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.” (João 3.14,15). Onde quer que haja fé em Jesus Cristo, um milagre de purificação foi feito no coração! O poder do Espírito Santo, mudou o curso de seus desejos e os fez amar as coisas que são santas, justas e verdadeiras.
Olhe para Jesus e as paixões que você não pode vencer serão entregues ao Seu poder de limpeza! Creia em Jesus e as loucuras que se agarram a você, e o esmagam , lhe deixarão livre!
Deus abençoe sua vida!

FONTE
Todo direito de tradução protegido por lei internacional de domínio público e com permissão
Sermão nº 1239—Volume 21 do The Metropolitan Tabernacle Pulpit,
Original em inglês: MESSRS. MOODY AND SANKEY DEFENDED—OR, A VINDICATION OF THE DOCTRINE OF JUSTIFICATION BY FAITH
Tradução: Francisco Rodrigues da Silva Neto
Revisão e diagramação: Armando Marcos


terça-feira, 14 de julho de 2015

Deixe na cruz

Quando você se olha no espelho o que vê? E o que vê lhe agrada?
O que fez com o que fizeram com você? Existem experiências bastante dolorosas, as quais deixam marcas difíceis de esquecer.
Algumas feridas continuam a sangrar, mesmo depois de longo tempo.
Nem sempre o que se torna, o deixa orgulhoso ou lhe faz sentir paz.
Em algumas situações você fere, em outras é ferido, até sem intenção.
A vida nem sempre é justa e nem sempre que você amar, será amado, compreendido, respeitado ou valorizado. É difícil conviver com a rejeição não é mesmo?
Mas só porque alguém não percebeu seu valor, não significa que você não o tenha.
DEUS sabe muito bem quanto valor você tem e o ama com amor inimaginável. Se pudesse sentir um pouco desse amor, jamais se sentiria menosprezado novamente. 
O que você faz com o que fizeram com você?
O amor de CRISTO preenche todos os espaços que alguém deixou vazio.
O coração pode ter sido esmagado, mas o bálsamo de Deus irá curá-lo.
Entenda que aquilo que não lhe acrescenta ou edifica, não vale a pena carregar. Deixe-o na cruz.
Você não pode desperdiçar sua vida com aquilo que não tem mais volta. Deixe-o na cruz. Deus irá preparar um novo começo para você.
Antes disso, porém, ELE cuidará de suas feridas, tirará toda a dor, substituindo-a por amor.
Um amor capaz de produzir frutos, que transbordará sua alma e alcançará outras pessoas a sua volta.
Através da cruz, Jesus se expôs em seu lugar, e derramou amor...ELE demonstrou o quão importante você é e lhe deu uma nova chance.
Chance de deixar na cruz tudo o que passou e recomeçar.
Fazer diferente e do jeito certo agora, sendo instruído por ELE dessa vez. Ouça o amor chamando você, deixe na cruz, tudo que passou! Olhe para JESUS e corra ao seu encontro.
“Porquanto com amor eterno te amei, por isso com benignidade te atraí.” (Jeremias 31:3)
Permita-se ser amado por DEUS, o SEU amor é capaz de curar feridas. 
Permita-se um recomeço!

Deus abençoe sua vida!



segunda-feira, 6 de julho de 2015

Um grande Salvador!

 Então disse: Jesus, lembra-te de mim, quando entrares no teu reino. Respondeu-lhe Jesus: Em verdade te digo que hoje estarás comigo no paraíso” (Lucas 23:42, 43).

O verso acima transcreve a súplica de um ladrão prestes a morrer, para alguém que segundo sua fé, era um Rei retornando ao seu Reino.  O título é sugestivo e você pode a princípio, imaginar que no texto abaixo, não contenha algo que lhe seja adequado, mas o convido a fazer um autoexame. O que tenho eu e você em comum com esse ladrão? Muito mais do que se possa imaginar. Você tem alguma ideia de quanto pecado existiu ou existe em você?
Já se olhou por dentro para observar quantas coisas guardadas não deveriam estar aí?
Se não consegue fazer isso, tenho uma notícia nada animadora: Deus sabe, pois vê além da sua aparência em todos os momentos.
Independente de sua atitude, seja ela correta ou não, Deus enxerga tudo, e se preocupa com o seu espírito.
O coração do homem por vezes assemelha-se a um baú gigantesco, onde são armazenados trechos de vida, como se fossem filmes, os quais acionados pela memória incitam sentimentos, que nem sempre são bons.
Você acha que precisa de CRISTO? O que ELE precisaria fazer para que cresse e o recebesse como seu Salvador? Aquele ladrão crucificado ao seu lado, contemplou-o em um momento onde seria improvável crer que ali estava o próprio DEUS. 
Mas ainda assim de seu coração saltou a fé.
Convido você a discorrer sobre o texto abaixo e deixar o Santo Espírito de DEUS falar ao seu coração.

O ladrão que creu
Sermão pregado na manhã de Domingo, 7 de Abril de 1889. Por Charles Haddon Spurgeon. No Tabernáculo Metropolitano, Newington, Londres.

A história da salvação do ladrão agonizante é um exemplo notável do poder de salvação de Cristo, e de sua abundante disposição para receber a todos que vêm a Ele, em qualquer condição em que possam estar.
Em certo sentido, toda conversão é única: não há duas iguais, e contudo, qualquer conversão é um modelo de outras. O caso do ladrão moribundo é muito mais semelhante à nossa conversão, do que diferente. De fato, seu caso se pode considerar mais como típico do que como um fato extraordinário, e assim o considerarei neste momento.
Recordem, amados amigos, que nosso Senhor Jesus, no momento que salvou a esse malfeitor, estava em seu ponto mais baixo.
Despido de sua túnica, e cravado na cruz, a atrevida multidão zombava de nosso Senhor que, agonizante, estava morrendo; então Ele “foi contado entre os transgressores” (Lucas 22:37)
Contudo, ainda nessa condição, concluiu esse maravilhoso ato de graça.
Quanto a você e a mim? A bíblia afirma que:
Pode salvar por completo aos que por meio dele se achegam a Deus, posto que vive para sempre para interceder por eles. (Hebreus 7:25)
Se um Salvador agonizante salvou o ladrão, meu argumento é que Ele pode fazer ainda mais agora que vive e reina.
Não é somente a debilidade de nosso Salvador que faz memorável a salvação do ladrão penitente, é o fato de que o malfeitor moribundo o viu diante de seus próprios olhos. Você pode se pôr em seu lugar, e imaginar a alguém que está suspenso em agonia de uma cruz? Poderia facilmente crer que era o Senhor da glória, e que logo iria a seu reino?
Não seria pouca a fé para que, em um momento assim, cresse em Jesus como Senhor e Rei.
A fé desse ladrão é admirável pois creu em um Cristo crucificado, ridicularizado e agonizante, e clamou a Ele como a alguém cujo reino viria com certeza. A fé do ladrão foi ainda mais notável porque estava sob uma terrível dor, e condenado a morrer. Não é fácil exercitar a paciência quando se é torturado por uma angústia mortal. Nosso próprio descanso mental às vezes se vê perturbado pela dor do corpo quando somos sujeitados por um sofrimento agudo, não é fácil mostrar essa fé que cremos possuir em outras situações. Este homem, sofrendo como estava, e vendo ao Salvador em um estado tão triste, contudo, ainda assim creu para a vida eterna. Fala aqui uma fé que raramente se vê.
Recordem, também, que estava rodeado de zombadores. É fácil nadar com a corrente, mas é duro ir contra ela. Este homem ouviu os sacerdotes orgulhosos, quando ridicularizavam ao Senhor, e a grande multidão do povo, todos a uma só voz, unirem-se no escárnio; seu companheiro captou o espírito da hora e também zombou, e ele talvez tenha feito o mesmo por um breve momento; mas pela graça de Deus foi transformado, e creu no Senhor Jesus apesar de todo desprezo. Sua fé não foi afetada pelo que o cercava;  ele, pelo contrário, ladrão agonizante como era, se reafirmou em sua confiança. Como uma rocha saliente, colocada no meio da torrente de águas, declarou a inocência do Cristo, diante dos que blasfemavam. Sua fé é digna de que a imitemos em seus frutos. Nenhum outro membro de seu corpo estava livre exceto sua língua, e a utilizou sabiamente para repreender a seu irmão malfeitor, e defender ao Seu Senhor. Sua fé tornou manifesto um valente testemunho e uma confissão ousada. Não vou elogiar o ladrão, ou a sua fé, mas exaltar a glória dessa graça divina que deu ao ladrão uma fé assim, e logo imerecidamente o salvou por seu meio.
Vejam o poder desse Espírito que podia produzir tal fé em um solo tão pouco promissor, e em um clima tão pouco propício.
Com muito cuidado OBSERVEMOS QUE O LADRÃO CRUCIFICADO FOI O ÚLTIMO COMPANHEIRO DE NOSSO SENHOR NA TERRA. Que triste companhia nosso Senhor selecionou quando esteve aqui. Não se juntou com os religiosos fariseus nem com os filosóficos saduceus, senão que era conhecido como o “amigo de publicanos e de pecadores”. (Mateus 11:19) Como me regozijo nisto! Me dá a segurança de que Ele não recusará associar-se comigo. Quando o Senhor Jesus me fez seu amigo, seguramente que não fez uma seleção que lhe trouxesse crédito. Crês que ganhou alguma honra quando te fez seu amigo? Acaso ganhou algo por causa de nós alguma vez? Não, irmãos meus; se Jesus não tivesse se inclinado tão baixo, talvez não teria vindo a mim; e se não tivesse procurado ao mais indigno, não teria vindo a ti. Assim o sentes, e estás agradecido pois Ele veio “não para chamar a justos, senão pecadores”. (Mateus 9:13)
Sim, depois de tudo, nosso Senhor fez uma boa escolha quando te salvou e quando me salvou; em nós encontrou abundante campo para a sua misericórdia e graça. Houve suficiente espaço para que Seu amor pudesse trabalhar dentro dos terríveis vazios de nossas necessidades e pecados; e ali Ele fez grandes coisas por nós, pelas quais nos alegramos.
Para que não haja aqui alguém que se desespere e diga: “nunca se dignará a olhar para mim,” quero que estejam advertidos que o último companheiro de Cristo na terra foi um pecador, e não um pecador comum. Havia transgredido as leis do homem, pois era um ladrão.
O malfeitor que creu na cruz era um ladrão convicto, que havia permanecido na cela dos condenados e logo sofreria a pena capital por seus crimes. Um criminoso convicto era a última pessoa com a qual nosso Senhor teve que tratar nesta terra. Que amante das almas dos culpados é Ele! Como se inclina até o mais baixo da humanidade! À este homem tão indigno, antes que deixasse a vida, o Senhor da glória falou com graça incomparável, falou-lhe com palavras tão maravilhosas como nunca se poderão superar ainda que procures em todas as Escrituras: “Hoje estarás comigo no paraíso.”
Aqui há um exemplo de alguém que havia chegado ao fundo da culpa, e que o reconheceu; não procurou desculpas, nem buscou um manto para tapar seu pecado; estava nas mãos da justiça, enfrentando sua sentença de morte, e contudo creu em Jesus, e disse uma humilde oração para Ele, e ali mesmo foi salvo. Como é a amostra assim é o todo. Jesus salva a outros do mesmo tipo. Por isso, deixem-me expor de forma muito simples, de maneira que ninguém me interprete mal, nenhum de vocês está excluído da infinita misericórdia de Cristo, por maior que seja a iniquidade de vocês: se creem em Jesus, Ele os salvará.
Este homem não somente era um pecador; era um pecador que apenas havia despertado.
De acordo com os outros evangelistas, parece que se tinha unido com seu companheiro ladrão para zombar de Jesus: se em realidade não utilizou palavras de opróbrio, no mínimo chegou a consentir com elas, de maneira que o evangelista não lhe fez injustiça quando disse, “também os ladrões que estavam crucificados com ele lhe injuriavam da mesma maneira. (Marcos 15:32) Contudo, repentinamente, se desperta a convicção de que o homem que está agonizando ao seu lado é algo mais que um homem.
“Vocês, que viveram no pecado por cinquenta anos, creem que em um instante podem ser limpos pelo sangue de Jesus?” Respondo: “Sim, certamente cremos que em um instante, por meio do precioso sangue de Jesus, a alma mais negra pode se tornar branca.
Este homem que foi o último companheiro de Cristo sobre a terra, era um pecador na miséria. Seus pecados lhe haviam encurralado: agora tinha a recompensa por suas obras. Constantemente encontro pessoas nesta condição: viveram uma vida de libertinagem, excessos e descuidos, e começam a sentir que caem em seus corpos as chamas de fogo da tempestade da ira; vivem em um inferno terreno, um prelúdio da condenação eterna. O remorso como uma áspide os picou, convertendo seu sangue em fogo. Este homem estava neste terrível estado, e mais, estava no extremo. Já não podia viver muito: a crucificação era inevitavelmente fatal; em pouco tempo as pernas lhe romperiam para pôr fim a sua existência infeliz. Ele, pobre alma, não tinha de vida senão um curto espaço do meio-dia ao pôr-do-sol; mas esse era o tempo suficiente para o Salvador, que é poderoso para salvar.
Olhando para Jesus e confiando nele, Ele lhes dará um coração novo e um espírito reto, e tirará a mancha dos vossos pecados. Esta é a glória da graça de Cristo.
Venham, oh culpados, e Ele os receberá com abundante graça!
Mais ainda, este homem a quem Cristo salvou no último momento era um homem que já não podia realizar boas obras. Se a salvação fosse pelas boas obras, não poderia ter sido salvo; posto que estava atado de pés e mãos ao madeiro de seu destino funesto. Tudo havia terminado para ele quanto a qualquer ato ou obra de justiça. Poderia dizer uma ou duas boas palavras, mas isso era tudo; não podia executar nada bom.
Seu fim estava muito perto, e contudo, o Salvador o pôde salvar, e o salvou tão perfeitamente que antes do pôr-do-sol, estava no paraíso com Cristo.
A confiança é o ato salvador.
Este homem não titubeou: se agarrou a essa única esperança. Não guardou em sua mente a segurança no Senhor como Messias como uma crença seca, morta, senão que a transformou em confiança e oração, “Senhor, lembra-te de mim quando entrares no teu reino”. Oh, que muitos de vocês possam confiar neste dia, na infinita misericórdia do Senhor!
Ao pensar no reino, tinha uma tão clara ideia da glória do Salvador, que sentiu que se o Senhor tão somente pensasse nele, seu estado seria salvo.
CRISTO em seu reino recorda os lamentos e queixas dos pobres pecadores oprimidos pelo sentimento de seu pecado. Não podes orar nesta manhã, e desta maneira assegurar-te um lugar na memória do Senhor Jesus?
Se foram grandes pecadores, e se viveram muito tempo sem se preocuparem pelas coisas eternas, são como este malfeitor; e contudo, vocês, sim, vocês, podem fazer o que o ladrão fez; podem crer que Jesus é o Cristo e encomendar suas almas em suas mãos, e Ele os salvará tão seguramente como salvou ao bandido condenado. Jesus com graça abundante disse: “Ao que vem a mim, de maneira alguma o lançarei fora”. (João 6:37)
O que entra pela porta do paraíso, com o Rei da glória, é um ladrão, que foi salvo em um decreto de morte. Não é salvo de uma maneira inferior, nem é recebido na beatitude de um modo secundário. Verdadeiramente, há últimos que serão primeiros!
Nosso Salvador levou este ladrão agonizante ao paraíso de deleite infinito, e é para ai onde levará a todos nós, pecadores que cremos nele. Se confiarmos nele, ao final estaremos com Ele no paraíso.
Pensa nele, alma desprovida de graça; vais a habitar com o Todo Desejável para sempre.
O Senhor olha para os seus olhos chorosos, e diz: “Pobre pecador, tu estarás comigo um dia”.
Te amei com um amor eterno, por conseguinte com misericórdia vou te atrair a mim, até que estejas onde eu estou”.
O pecador já estava quase ante às portas do inferno, mas a misericórdia do Todo Poderoso o levantou, e o Senhor disse, “Hoje estarás comigo no paraíso”.
Podem medir a mudança desse pecador, abominável em sua iniquidade quando o sol estava no alto do meio-dia, a esse mesmo pecador, vestido de branco puro, e aceito no Amado, no paraíso de Deus, ao pôr-do-sol? Oh, Salvador glorioso, que maravilhas podes fazer! Quão rapidamente podes realizá-las!
Nosso Senhor dá sua própria vontade como razão para salvar este homem. “Te digo”.
O que Ele diz ninguém pode contradizer. Ele, que tem as chaves do inferno e da morte te diz, “Te digo, hoje estarás comigo no paraíso”. (Lucas 23:43) Quem impedirá o cumprimento de Sua Palavra?
Ele sempre inicia sua prédica com, “Em verdade, em verdade”; e agora que está agonizando utiliza sua maneira favorita, e diz, “Em verdade”. Nosso Senhor não jurava; sua mais forte asseveração era, “Em verdade, em verdade”.
Por que você e eu não haveríamos de passar através dessa porta a seu devido tempo, vestidos com Seu mérito, lavados em Seu sangue, descansando em Seu poder? Em um destes dias os anjos dirão de ti e de mim, “Quem é este que vem do deserto apoiando-se no Amado?”
Mas tenha cuidado, Satanás quer enganar você! E não me assombraria se ele se aproximasse de alguns de vós quando termine o sermão, e lhes diga em voz baixa: “Vejam que podem ser salvos no último momento. Adiem o arrependimento e a fé; podem ser perdoados em seu leito de morte”. Senhores, vocês sabem quem é o que quer arruinar-vos com esta sugestão. Aborreçam seu ensino enganador. Não sejam ingratos porque Deus é bondoso. Não provoquem ao Senhor porque é paciente. Uma conduta assim seria indigna e ingrata. Não corram um risco terrível simplesmente porque alguém escapou ao perigo tremendo. O Senhor aceitará a todos os que se arrependam; mas como sabem vocês que vão se arrepender? É verdade que um ladrão foi salvo, mas o outro se perdeu. Um é salvo, e portanto não podemos nos desesperar; o outro está perdido, e portanto não podemos nos vangloriar. Queridos amigos, confio que vocês não estão feitos de tão diabólica substância como para tirar da misericórdia de Deus um argumento para continuar no pecado. Se vocês o fazem, somente lhes posso dizer que a vossa perdição será justa; a haverão atraído sobre vocês mesmos.
Jesus salva com muita facilidade aos pecadores pelos quais Ele morreu com tanta dor. Jesus ama resgatar aos pecadores de sua queda no poço.
Se achega a nós cheio de ternura, com lágrimas em seus olhos, misericórdia em suas mãos, e amor em seu coração. Creiam que é um grande Salvador de grandes pecadores. 
A seguinte doutrina que Cristo prega desta maravilhosa história é a fé que se apropria da promessa. Este homem creu que Jesus era o Cristo. O que fez a seguir foi apropriar-se desse Cristo. O ladrão lhe disse: “Senhor, lembra-te de mim”.
Se nos conhecemos diante de Deus, não estamos suficientemente degradados em nós mesmos e por causa de nós mesmos? Depois de tudo, há alguém no mundo que seja pior do que nós quando nos vemos no espelho fiel da Palavra?
Toma ao Senhor para que seja teu, e o terás. Jesus é propriedade comum de todos os pecadores que se atrevem a tomá-lo.
Ele veio ao mundo para salvar aos pecadores.
O Reino do céu sofre a violência da fé que se atreve. Agarre-o, e Ele nunca se separará de ti.
O céu e o inferno não são lugares distantes. Podem estar no céu antes de outro “tic” do relógio, está tão perto. Que possamos rasgar esse véu que nos separa do desconhecido! Tudo está ali, e tudo perto.
Ele é capaz de salvar por completo, pois salvou ao ladrão que agonizava. O caso não teria sido exposto para alentar esperanças que Ele não poderia cumprir.

Deus abençoe sua vida!

FONTE
Todo direito de tradução protegido por lei internacional de domínio público
Sermão nº 2078— THE BELIEVING THIEF-  do volume 35 do The Metropolitan Tabernacle Pulpit,
Tradução: Junior Rubira
revisão: Marcus Paolo Diel Rios



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