segunda-feira, 6 de julho de 2015

Um grande Salvador!

 Então disse: Jesus, lembra-te de mim, quando entrares no teu reino. Respondeu-lhe Jesus: Em verdade te digo que hoje estarás comigo no paraíso” (Lucas 23:42, 43).

O verso acima transcreve a súplica de um ladrão prestes a morrer, para alguém que segundo sua fé, era um Rei retornando ao seu Reino.  O título é sugestivo e você pode a princípio, imaginar que no texto abaixo, não contenha algo que lhe seja adequado, mas o convido a fazer um autoexame. O que tenho eu e você em comum com esse ladrão? Muito mais do que se possa imaginar. Você tem alguma ideia de quanto pecado existiu ou existe em você?
Já se olhou por dentro para observar quantas coisas guardadas não deveriam estar aí?
Se não consegue fazer isso, tenho uma notícia nada animadora: Deus sabe, pois vê além da sua aparência em todos os momentos.
Independente de sua atitude, seja ela correta ou não, Deus enxerga tudo, e se preocupa com o seu espírito.
O coração do homem por vezes assemelha-se a um baú gigantesco, onde são armazenados trechos de vida, como se fossem filmes, os quais acionados pela memória incitam sentimentos, que nem sempre são bons.
Você acha que precisa de CRISTO? O que ELE precisaria fazer para que cresse e o recebesse como seu Salvador? Aquele ladrão crucificado ao seu lado, contemplou-o em um momento onde seria improvável crer que ali estava o próprio DEUS. 
Mas ainda assim de seu coração saltou a fé.
Convido você a discorrer sobre o texto abaixo e deixar o Santo Espírito de DEUS falar ao seu coração.

O ladrão que creu
Sermão pregado na manhã de Domingo, 7 de Abril de 1889. Por Charles Haddon Spurgeon. No Tabernáculo Metropolitano, Newington, Londres.

A história da salvação do ladrão agonizante é um exemplo notável do poder de salvação de Cristo, e de sua abundante disposição para receber a todos que vêm a Ele, em qualquer condição em que possam estar.
Em certo sentido, toda conversão é única: não há duas iguais, e contudo, qualquer conversão é um modelo de outras. O caso do ladrão moribundo é muito mais semelhante à nossa conversão, do que diferente. De fato, seu caso se pode considerar mais como típico do que como um fato extraordinário, e assim o considerarei neste momento.
Recordem, amados amigos, que nosso Senhor Jesus, no momento que salvou a esse malfeitor, estava em seu ponto mais baixo.
Despido de sua túnica, e cravado na cruz, a atrevida multidão zombava de nosso Senhor que, agonizante, estava morrendo; então Ele “foi contado entre os transgressores” (Lucas 22:37)
Contudo, ainda nessa condição, concluiu esse maravilhoso ato de graça.
Quanto a você e a mim? A bíblia afirma que:
Pode salvar por completo aos que por meio dele se achegam a Deus, posto que vive para sempre para interceder por eles. (Hebreus 7:25)
Se um Salvador agonizante salvou o ladrão, meu argumento é que Ele pode fazer ainda mais agora que vive e reina.
Não é somente a debilidade de nosso Salvador que faz memorável a salvação do ladrão penitente, é o fato de que o malfeitor moribundo o viu diante de seus próprios olhos. Você pode se pôr em seu lugar, e imaginar a alguém que está suspenso em agonia de uma cruz? Poderia facilmente crer que era o Senhor da glória, e que logo iria a seu reino?
Não seria pouca a fé para que, em um momento assim, cresse em Jesus como Senhor e Rei.
A fé desse ladrão é admirável pois creu em um Cristo crucificado, ridicularizado e agonizante, e clamou a Ele como a alguém cujo reino viria com certeza. A fé do ladrão foi ainda mais notável porque estava sob uma terrível dor, e condenado a morrer. Não é fácil exercitar a paciência quando se é torturado por uma angústia mortal. Nosso próprio descanso mental às vezes se vê perturbado pela dor do corpo quando somos sujeitados por um sofrimento agudo, não é fácil mostrar essa fé que cremos possuir em outras situações. Este homem, sofrendo como estava, e vendo ao Salvador em um estado tão triste, contudo, ainda assim creu para a vida eterna. Fala aqui uma fé que raramente se vê.
Recordem, também, que estava rodeado de zombadores. É fácil nadar com a corrente, mas é duro ir contra ela. Este homem ouviu os sacerdotes orgulhosos, quando ridicularizavam ao Senhor, e a grande multidão do povo, todos a uma só voz, unirem-se no escárnio; seu companheiro captou o espírito da hora e também zombou, e ele talvez tenha feito o mesmo por um breve momento; mas pela graça de Deus foi transformado, e creu no Senhor Jesus apesar de todo desprezo. Sua fé não foi afetada pelo que o cercava;  ele, pelo contrário, ladrão agonizante como era, se reafirmou em sua confiança. Como uma rocha saliente, colocada no meio da torrente de águas, declarou a inocência do Cristo, diante dos que blasfemavam. Sua fé é digna de que a imitemos em seus frutos. Nenhum outro membro de seu corpo estava livre exceto sua língua, e a utilizou sabiamente para repreender a seu irmão malfeitor, e defender ao Seu Senhor. Sua fé tornou manifesto um valente testemunho e uma confissão ousada. Não vou elogiar o ladrão, ou a sua fé, mas exaltar a glória dessa graça divina que deu ao ladrão uma fé assim, e logo imerecidamente o salvou por seu meio.
Vejam o poder desse Espírito que podia produzir tal fé em um solo tão pouco promissor, e em um clima tão pouco propício.
Com muito cuidado OBSERVEMOS QUE O LADRÃO CRUCIFICADO FOI O ÚLTIMO COMPANHEIRO DE NOSSO SENHOR NA TERRA. Que triste companhia nosso Senhor selecionou quando esteve aqui. Não se juntou com os religiosos fariseus nem com os filosóficos saduceus, senão que era conhecido como o “amigo de publicanos e de pecadores”. (Mateus 11:19) Como me regozijo nisto! Me dá a segurança de que Ele não recusará associar-se comigo. Quando o Senhor Jesus me fez seu amigo, seguramente que não fez uma seleção que lhe trouxesse crédito. Crês que ganhou alguma honra quando te fez seu amigo? Acaso ganhou algo por causa de nós alguma vez? Não, irmãos meus; se Jesus não tivesse se inclinado tão baixo, talvez não teria vindo a mim; e se não tivesse procurado ao mais indigno, não teria vindo a ti. Assim o sentes, e estás agradecido pois Ele veio “não para chamar a justos, senão pecadores”. (Mateus 9:13)
Sim, depois de tudo, nosso Senhor fez uma boa escolha quando te salvou e quando me salvou; em nós encontrou abundante campo para a sua misericórdia e graça. Houve suficiente espaço para que Seu amor pudesse trabalhar dentro dos terríveis vazios de nossas necessidades e pecados; e ali Ele fez grandes coisas por nós, pelas quais nos alegramos.
Para que não haja aqui alguém que se desespere e diga: “nunca se dignará a olhar para mim,” quero que estejam advertidos que o último companheiro de Cristo na terra foi um pecador, e não um pecador comum. Havia transgredido as leis do homem, pois era um ladrão.
O malfeitor que creu na cruz era um ladrão convicto, que havia permanecido na cela dos condenados e logo sofreria a pena capital por seus crimes. Um criminoso convicto era a última pessoa com a qual nosso Senhor teve que tratar nesta terra. Que amante das almas dos culpados é Ele! Como se inclina até o mais baixo da humanidade! À este homem tão indigno, antes que deixasse a vida, o Senhor da glória falou com graça incomparável, falou-lhe com palavras tão maravilhosas como nunca se poderão superar ainda que procures em todas as Escrituras: “Hoje estarás comigo no paraíso.”
Aqui há um exemplo de alguém que havia chegado ao fundo da culpa, e que o reconheceu; não procurou desculpas, nem buscou um manto para tapar seu pecado; estava nas mãos da justiça, enfrentando sua sentença de morte, e contudo creu em Jesus, e disse uma humilde oração para Ele, e ali mesmo foi salvo. Como é a amostra assim é o todo. Jesus salva a outros do mesmo tipo. Por isso, deixem-me expor de forma muito simples, de maneira que ninguém me interprete mal, nenhum de vocês está excluído da infinita misericórdia de Cristo, por maior que seja a iniquidade de vocês: se creem em Jesus, Ele os salvará.
Este homem não somente era um pecador; era um pecador que apenas havia despertado.
De acordo com os outros evangelistas, parece que se tinha unido com seu companheiro ladrão para zombar de Jesus: se em realidade não utilizou palavras de opróbrio, no mínimo chegou a consentir com elas, de maneira que o evangelista não lhe fez injustiça quando disse, “também os ladrões que estavam crucificados com ele lhe injuriavam da mesma maneira. (Marcos 15:32) Contudo, repentinamente, se desperta a convicção de que o homem que está agonizando ao seu lado é algo mais que um homem.
“Vocês, que viveram no pecado por cinquenta anos, creem que em um instante podem ser limpos pelo sangue de Jesus?” Respondo: “Sim, certamente cremos que em um instante, por meio do precioso sangue de Jesus, a alma mais negra pode se tornar branca.
Este homem que foi o último companheiro de Cristo sobre a terra, era um pecador na miséria. Seus pecados lhe haviam encurralado: agora tinha a recompensa por suas obras. Constantemente encontro pessoas nesta condição: viveram uma vida de libertinagem, excessos e descuidos, e começam a sentir que caem em seus corpos as chamas de fogo da tempestade da ira; vivem em um inferno terreno, um prelúdio da condenação eterna. O remorso como uma áspide os picou, convertendo seu sangue em fogo. Este homem estava neste terrível estado, e mais, estava no extremo. Já não podia viver muito: a crucificação era inevitavelmente fatal; em pouco tempo as pernas lhe romperiam para pôr fim a sua existência infeliz. Ele, pobre alma, não tinha de vida senão um curto espaço do meio-dia ao pôr-do-sol; mas esse era o tempo suficiente para o Salvador, que é poderoso para salvar.
Olhando para Jesus e confiando nele, Ele lhes dará um coração novo e um espírito reto, e tirará a mancha dos vossos pecados. Esta é a glória da graça de Cristo.
Venham, oh culpados, e Ele os receberá com abundante graça!
Mais ainda, este homem a quem Cristo salvou no último momento era um homem que já não podia realizar boas obras. Se a salvação fosse pelas boas obras, não poderia ter sido salvo; posto que estava atado de pés e mãos ao madeiro de seu destino funesto. Tudo havia terminado para ele quanto a qualquer ato ou obra de justiça. Poderia dizer uma ou duas boas palavras, mas isso era tudo; não podia executar nada bom.
Seu fim estava muito perto, e contudo, o Salvador o pôde salvar, e o salvou tão perfeitamente que antes do pôr-do-sol, estava no paraíso com Cristo.
A confiança é o ato salvador.
Este homem não titubeou: se agarrou a essa única esperança. Não guardou em sua mente a segurança no Senhor como Messias como uma crença seca, morta, senão que a transformou em confiança e oração, “Senhor, lembra-te de mim quando entrares no teu reino”. Oh, que muitos de vocês possam confiar neste dia, na infinita misericórdia do Senhor!
Ao pensar no reino, tinha uma tão clara ideia da glória do Salvador, que sentiu que se o Senhor tão somente pensasse nele, seu estado seria salvo.
CRISTO em seu reino recorda os lamentos e queixas dos pobres pecadores oprimidos pelo sentimento de seu pecado. Não podes orar nesta manhã, e desta maneira assegurar-te um lugar na memória do Senhor Jesus?
Se foram grandes pecadores, e se viveram muito tempo sem se preocuparem pelas coisas eternas, são como este malfeitor; e contudo, vocês, sim, vocês, podem fazer o que o ladrão fez; podem crer que Jesus é o Cristo e encomendar suas almas em suas mãos, e Ele os salvará tão seguramente como salvou ao bandido condenado. Jesus com graça abundante disse: “Ao que vem a mim, de maneira alguma o lançarei fora”. (João 6:37)
O que entra pela porta do paraíso, com o Rei da glória, é um ladrão, que foi salvo em um decreto de morte. Não é salvo de uma maneira inferior, nem é recebido na beatitude de um modo secundário. Verdadeiramente, há últimos que serão primeiros!
Nosso Salvador levou este ladrão agonizante ao paraíso de deleite infinito, e é para ai onde levará a todos nós, pecadores que cremos nele. Se confiarmos nele, ao final estaremos com Ele no paraíso.
Pensa nele, alma desprovida de graça; vais a habitar com o Todo Desejável para sempre.
O Senhor olha para os seus olhos chorosos, e diz: “Pobre pecador, tu estarás comigo um dia”.
Te amei com um amor eterno, por conseguinte com misericórdia vou te atrair a mim, até que estejas onde eu estou”.
O pecador já estava quase ante às portas do inferno, mas a misericórdia do Todo Poderoso o levantou, e o Senhor disse, “Hoje estarás comigo no paraíso”.
Podem medir a mudança desse pecador, abominável em sua iniquidade quando o sol estava no alto do meio-dia, a esse mesmo pecador, vestido de branco puro, e aceito no Amado, no paraíso de Deus, ao pôr-do-sol? Oh, Salvador glorioso, que maravilhas podes fazer! Quão rapidamente podes realizá-las!
Nosso Senhor dá sua própria vontade como razão para salvar este homem. “Te digo”.
O que Ele diz ninguém pode contradizer. Ele, que tem as chaves do inferno e da morte te diz, “Te digo, hoje estarás comigo no paraíso”. (Lucas 23:43) Quem impedirá o cumprimento de Sua Palavra?
Ele sempre inicia sua prédica com, “Em verdade, em verdade”; e agora que está agonizando utiliza sua maneira favorita, e diz, “Em verdade”. Nosso Senhor não jurava; sua mais forte asseveração era, “Em verdade, em verdade”.
Por que você e eu não haveríamos de passar através dessa porta a seu devido tempo, vestidos com Seu mérito, lavados em Seu sangue, descansando em Seu poder? Em um destes dias os anjos dirão de ti e de mim, “Quem é este que vem do deserto apoiando-se no Amado?”
Mas tenha cuidado, Satanás quer enganar você! E não me assombraria se ele se aproximasse de alguns de vós quando termine o sermão, e lhes diga em voz baixa: “Vejam que podem ser salvos no último momento. Adiem o arrependimento e a fé; podem ser perdoados em seu leito de morte”. Senhores, vocês sabem quem é o que quer arruinar-vos com esta sugestão. Aborreçam seu ensino enganador. Não sejam ingratos porque Deus é bondoso. Não provoquem ao Senhor porque é paciente. Uma conduta assim seria indigna e ingrata. Não corram um risco terrível simplesmente porque alguém escapou ao perigo tremendo. O Senhor aceitará a todos os que se arrependam; mas como sabem vocês que vão se arrepender? É verdade que um ladrão foi salvo, mas o outro se perdeu. Um é salvo, e portanto não podemos nos desesperar; o outro está perdido, e portanto não podemos nos vangloriar. Queridos amigos, confio que vocês não estão feitos de tão diabólica substância como para tirar da misericórdia de Deus um argumento para continuar no pecado. Se vocês o fazem, somente lhes posso dizer que a vossa perdição será justa; a haverão atraído sobre vocês mesmos.
Jesus salva com muita facilidade aos pecadores pelos quais Ele morreu com tanta dor. Jesus ama resgatar aos pecadores de sua queda no poço.
Se achega a nós cheio de ternura, com lágrimas em seus olhos, misericórdia em suas mãos, e amor em seu coração. Creiam que é um grande Salvador de grandes pecadores. 
A seguinte doutrina que Cristo prega desta maravilhosa história é a fé que se apropria da promessa. Este homem creu que Jesus era o Cristo. O que fez a seguir foi apropriar-se desse Cristo. O ladrão lhe disse: “Senhor, lembra-te de mim”.
Se nos conhecemos diante de Deus, não estamos suficientemente degradados em nós mesmos e por causa de nós mesmos? Depois de tudo, há alguém no mundo que seja pior do que nós quando nos vemos no espelho fiel da Palavra?
Toma ao Senhor para que seja teu, e o terás. Jesus é propriedade comum de todos os pecadores que se atrevem a tomá-lo.
Ele veio ao mundo para salvar aos pecadores.
O Reino do céu sofre a violência da fé que se atreve. Agarre-o, e Ele nunca se separará de ti.
O céu e o inferno não são lugares distantes. Podem estar no céu antes de outro “tic” do relógio, está tão perto. Que possamos rasgar esse véu que nos separa do desconhecido! Tudo está ali, e tudo perto.
Ele é capaz de salvar por completo, pois salvou ao ladrão que agonizava. O caso não teria sido exposto para alentar esperanças que Ele não poderia cumprir.

Deus abençoe sua vida!

FONTE
Todo direito de tradução protegido por lei internacional de domínio público
Sermão nº 2078— THE BELIEVING THIEF-  do volume 35 do The Metropolitan Tabernacle Pulpit,
Tradução: Junior Rubira
revisão: Marcus Paolo Diel Rios



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