A saúde é importante para o bem
estar de qualquer ser humano, afinal ninguém gosta de ficar doente.
Sejam as menos agressivas ou as
mais assustadoras doenças, é no mínimo preocupante ter seu corpo e suas
faculdades físicas ou mentais limitadas por ela.
A enfermidade não avisa,
simplesmente invade o corpo ou a mente, expondo a fragilidade do ser humano.
Então você pensa: Eu sou
cristão e sendo assim, a enfermidade não deveria sequer tocar meu corpo, não é
mesmo? Mas não é assim que acontece.
Não é porque Deus lhe ama, que
sua vida estará livre de aflição ou de qualquer outra coisa a que estão sujeitas
as outras pessoas. Deus tem suas formas de trabalhar e a obra DELE é sempre
perfeita. ELE a aperfeiçoa através da minha e da sua fraqueza. Isso não
significa que ELE não o ame, ou que não se importa com seu sofrimento, mas sim
que o plano DELE é maior e mais abrangente que o seu. Quando seu corpo ou suas
habilidades estiverem limitados, não permita que sua adoração também esteja. Não
condicione sua confiança e fé ao que é temporário e momentâneo, mas firme seus
olhos no que é eterno e incorruptível.
Abaixo, Seguem trechos de um
sermão de C.H.Spurgeon que fala exatamente esse sobre assunto.
Amado, porém afligido!
“Senhor, eis que está enfermo
aquele que tu amas.” João 11:3
Jesus amava Maria, Marta e Lázaro e é
algo feliz quando uma família inteira vive no amor DELE. Era um trio
favorecido, e, no entanto, como a serpente entrou no Paraíso, assim também a
aflição entrou na tranquila casa de Betânia.
Lázaro estava enfermo. Todos eles
sentiam que se Jesus estivesse ali, a enfermidade fugiria de Sua presença,
então, que outra coisa deveria fazer, senão notificar a Jesus sua tribulação?
Lázaro encontrava-se às portas da morte, logo, suas amorosas irmãs reportaram
imediatamente a Jesus, dizendo-lhe: “Senhor, eis que está enfermo aquele que tu
amas.”
Do mestre se diz:
“Ele tomou sobre si as nossas enfermidades, e as nossas dores levou sobre si”.
Mas também menciona que o Senhor tem escolhido Seu povo em forno de aflição.
As irmãs de Lázaro podiam pensar: “Nós o amamos, e queríamos sarar-lhe
diretamente: Tu o amas, e, no entanto, permanece enfermo. Tu poderias sarar-lhe
com uma palavra, então, por que motivo aquele que amas está enfermo?”
Querido amigo
doente, acaso perguntam a ti como sua dolorosa e persistente doença pode ser
consistente com o fato de ser eleito e chamado por Cristo?
Não deveria surpreender que o homem a
quem o Senhor ama esteja enfermo, pois é só um homem. O amor de Jesus não nos
separa das necessidades e das debilidades comuns da vida humana. Os homens de
Deus seguem sendo homens. O pacto da graça não é uma carta de privilégio que
nos exime da tuberculose, do reumatismo, ou da asma. Os males corporais, que
nos sobrevém por causa de nossa carne, nos acompanharão até a tumba, pois Paulo
disse: “Os que estamos nesse tabernáculo gememos.” Aqueles a quem o Senhor ama, são mais
propensos a adoentar-se, pois estão debaixo de uma peculiar disciplina. Está
escrito: “Porque o Senhor ao que ama, disciplina, e açoita a todo o que recebe
por filho".A aflição de qualquer tipo é um dos sinais dos filhos nascidos de
Deus, e sucede com frequência que a prova toma a forma de enfermidade. Haveria
de nos surpreender, então, que tenhamos que tomar nosso turno no leito da
enfermidade? Se Jó, Davi e Ezequias, em seu momento, tiveram que se sofrer,
quem somos nós para espantar-nos porque nos encontramos sofrendo de má saúde? Tampouco deveria
nos surpreender que fiquemos doentes, se refletirmos no grandioso benefício que
flui da prova para nós. Conheci certas mulheres cristãs que nunca
teriam sido tão delicadas, ternas, sábias, experimentadas e santas se não
houvessem sido abrandadas pela dor física. Há frutos no jardim
de Deus, tal como no jardim humano, que não amadurecem enquanto são sejam
golpeados. Muitos de nós temos sido capazes de
falar como o salmista: “Foi-me bom ter sido afligido, para que aprendesse os
teus estatutos.” Por essa razão, inclusive aqueles que são favorecidos e
benditos, podem sentir que uma espada atravessa seus corações. Muitas vezes a enfermidade dos amados
do Senhor é para o bem de outros. A Lázaro se lhe deixou que enfermasse e
morresse, para que por sua morte e ressurreição, Deus fosse glorificado. Sua
doença foi “para glória de Deus.” A igreja e o mundo podem extrair um
imenso benefício das aflições dos homens bons: os descuidados podem ser
despertos, os que duvidam podem ser convencidos, os ímpios podem ser
convertidos, e os enlutados podem ser consolados através de nosso testemunho na
enfermidade: e, se é assim, desejaríamos evitar a dor e a debilidade? Acaso não
estamos muito dispostos a que nossos amigos digam de nós: “Senhor, eis que está
enfermo aquele que tu amas”? As irmãs de Lazaro contaram a Jesus sua aflição. Temos de manter uma
correspondência constante com nosso Senhor acerca de tudo. Jesus sabe tudo sobre nós, porém experimentamos um grande alívio quando
derramamos nossos corações diante Dele. Em todo problema que tenham, devem enviar uma mensagem a Jesus, e não
guardem seu abatimento dentro de vocês mesmos. Ele é um confidente que nunca nos
trairá, um amigo que nunca nos lançará fora. Se você apela a Jesus, e lhe diz: “Senhor, tão cheio de graça, por que estou
enfermo? Eu pensava ser útil a Ti enquanto gozava de saúde, e agora não posso
fazer nada; por que sucede isso?” Então poderia ser do agrado Dele mostrar-lhe
o porquê, ou, se não, fará que estejas disposto a submeter-se com paciência à
Sua vontade, ainda que não saiba os motivos. Ele pode transmitir Sua verdade a
sua mente para animar-lhe, ou fortalecer seu coração com Sua presença, ou ainda
enviar-lhe inesperados consolos e conceder que se alegre em meio as suas
aflições. “Derrame diante Dele vosso corações; Deus é nosso refúgio.” Recordem, também, que Jesus pode
curar. Não seria sábio rejeitar ao médico e suas medicinas, como tampouco, não
seria nem um pouco sábio esquecer do Senhor, e confiar unicamente no homem. A
saúde, tanto para o corpo como para a alma, há de se buscar em Deus. Fazemos
uso de remédios, porém, esses não podem fazer nada sem o Senhor, “que sara todas
as nossas dolências”. Podemos contar a Jesus nossas dores e sofrimentos, nosso
declines graduais e nossa tosse desgarrradora. Algumas pessoas têm medo de recorrer
a Deus no tocante a sua saúde: pedem perdão pelo pecado, porém não se atrevem a
pedir ao Senhor que lhes tire uma dor de cabeça. No entanto, em verdade, se os
cabelos da nossa cabeça estão todos contatos por Deus, nos implica uma maior
condescendência da parte do Senhor, aliviar as palpitações e as pressões que
temos dentro de nossa cabeça. Nossas grandes coisas são muito pequeninas para o
grandioso Deus e nossas coisinhas não poderiam ser menores. Podemos correr a Ele no tocante a nossa respiração dificultosa, pois Ele
nos deu primeiro os pulmões e a vida. Podemos contar a Ele sobre nossos olhos
que perdem vigor, e acerca de nossos ouvidos que perde audição, pois Ele fez a
ambos. Podemos mencionar lhe o joelho inflamado, o dedo enrugado, o torcicolo
ou pé torcido, pois Ele fez todos esses nossos membros, e os redimiu todos, e
os ressuscitará todos da tumba. Mas devemos advertir UM RESULTADO que nós não teríamos esperado. Sem
dúvida, quando Maria e Marta enviaram mensagem a Jesus, elas esperavam ver a
recuperação de Lázaro tão pronto como o mensageiro chegasse a ELE, porém, não
foram contempladas. Durante dois dias o Senhor permaneceu no mesmo lugar, e não
foi até Betânia até que soube que Lázaro tinha morrido, ai que falou de ir a
Judéia. Isso nos ensina que Jesus pode ser
informado de nosso problema, e, no entanto, poderia atuar como se fosse
indiferente ao mesmo. Não devemos esperar em cada caso que a orações pela
recuperação será atendida, pois se assim fosse, ninguém que tivesse um bebê ou
um menino, ou um amigo ou conhecido que orasse por ele, morreria. Em nossas orações pelas vidas dos
amados filhos de Deus, não devemos nos esquecer de que há uma oração que
poderia estar cruzando com as nossas, pois Jesus ora: “Pai, aqueles que me há
dado, quero que onde eu estou, também eles estejam comigo, para que vejam minha
glória.” Pedimos que permaneça conosco, porém quando reconhecemos que Jesus os
quer lá em cima, o que podemos fazer se não admitir seu direito superior, e
falar: “Não seja como queremos, mas como Tu quer.” Em nosso próprio caso, podemos pedir
ao Senhor que nos levante, e, no entanto, ainda que nos ama, poderia permitir
que ficássemos pior e pior, até que ao fim, morramos. À vida de Ezequias lhe
foram acrescentados 15 anos, mas nós talvez nem mesmo consigamos a prorrogação
de um só dia. Nunca dê tanta importância à vida de alguém muito querido para
você, e nem a sua própria vida, a ponto de rebelar-se contra o Senhor. Se
defendesse a vida de qualquer ser querido com uma mão demasiadamente firme,
então estaria fazendo uma vara para suas próprias costas; e se amasses em
demasia a sua vida terrena, estaria tecendo uma almofada cheia de espinhos para
seu leito de morte. Será o pó tão querido para nós que repliquemos com nosso Deus por sua
causa? Se nosso Senhor permite que soframos, não deveríamos nos queixar. Ele
fará para nós o que seja mais benéfico e o melhor, pois nos ama mais do que nós
amamos a nós mesmos. “Sim, Jesus permitiu que Lázaro morresse, porém, o ressuscitou de novo”!
Ele é a ressurreição e a vida para nós também. Consolem-se no que concerne aos
que tem partido: “Teu irmão ressuscitará”, e todos aqueles dentre nós cuja
esperança está em Jesus, participaremos na ressurreição de nosso Senhor. Não
somente viverão nossas almas, mas também nossos corpos serão ressuscitados
incorruptíveis. Querido amigo, responde em seu próprio
coração essa pergunta: “Você ama a Jesus?” Se O amas, faz isso porque Ele lhe
amou primeiro. Está confiado Nele? Se sim, essa sua fé é a prova que Ele lhe
tem amado desde antes da fundação do mundo, pois a fé é o sinal pelo qual
promete Sua fidelidade a Seu amado. Se Jesus lhe ama, e está enfermo, que
todo o mundo veja como você glorifica a Deus em sua enfermidade. Os amigos e as
enfermeiras hão de ver como os amados do Senhor são animados e consolados por
Ele. Sua santa resignação há de assombra-los, e conduzi-los a admirar seu
Amado, que é tão cheio de graça para contigo, e que lhe faz feliz na dor e dá
gozo às portas do sepulcro. Regozijando-se no Senhor, ainda que
enfermo, mostrará aos incrédulos que aquele a quem o Senhor ama está em uma
melhor condição quando está enfermo, que muitos ímpios cheios de saúde e vigor. Se não sabes que Jesus te ama, careces
da estrela mais resplandecente para que possa alegrar a noite da enfermidade. Se
você não conhece a Cristo, espero que não morras como está agora, e passes ao
outro mundo sem gozar do amor de Jesus. Essa seria em verdade uma terrível calamidade.
Busca Seu rosto de imediato, e pudera ser que sua atual enfermidade fora uma parte
da faceta do amor pelo qual Jesus quer atrair-lhe a Ele.
Senhor, sara os enfermos na alma e no
corpo. Amém.
Sermão nº 1518—Volume 26 do The Metropolitan Tabernacle Pulpit,Original
em inglês: BELOVED AND YET AFFLICTETradução Armando MarcosNotas: 1