A mente humana sente dificuldade com
alguns assuntos da vida. Coisas que não se solucionam facilmente, dor que persiste,
sofrimento que não se acaba. A limitação da capacidade humana deixa enfermo
quem não a assimilar, bem como o fato de que a compreensão sobre muitas questões
não será possível na existência terrena.
A mente humana em sua maioria, não
entende os desígnios de Deus e busca motivos para culpa-lo pelas escolhas que
os homens fazem.
Existem porém, aquelas situações inexplicáveis,
nas quais o desejo de entender o motivo é imenso, porém DEUS nunca teve
obrigação de dar satisfação sobre a didática de Seus ensinamentos.
Agora você vê em parte, mas um dia
verá e entenderá tudo.
Exemplificarei de acordo com as
palavras citadas no final do filme “Você acredita?”:
“Não sei se algum de nós consegue ver
o quadro inteiro, do ponto de vista de Deus digamos assim. É como se fossemos
crianças sentadas no chão olhando a parte de trás de um tapete que está sendo
tecido. Aos nossos olhos, às vezes parece feio, é um amontoado de cores e nada
faz muito sentido. Mas algum dia não estaremos mais sentados no chão, vamos
passar para o outro lado e a genialidade da obra de Deus vai se tornar clara, e
no centro de tudo vamos encontrar a cruz. Naquele imenso tapete também veremos
aquele filamento único, o único daquele tipo e daquela cor que nossa vida
adicionou a obra. Aquele filamento único que sem ele, tudo seria de alguma
forma incompleto. Pessoalmente não vejo a hora de ver a obra prima do Senhor.”
O texto abaixo aborda esse tema.
Extraí alguns trechos e desejo que o Espírito Santo de Deus encha seu coração
do Seu amor a fim de que se você não entender o momento que vive,
pelo menos tenha a certeza de que em tudo DEUS está cuidando de você e em
nenhum momento lhe deixou sozinho.
Agora e Depois: Entendendo como entendemos e
como entenderemos a realidade espiritual
Sermão nº1002 pregado por Charles Haddon Spurgeon no Tabernáculo
Metropolitano, Newington, Londres
“Agora vemos como em espelho, obscuramente; mas então veremos
cara a cara.” 1 Coríntios 13:12
A todo custo irmãos, procurem os
melhores dons, assim como o artista desejaria ter habilidade em todos os seus
membros, e estar alerta com todos seus sentidos. Porém, sobretudo, aprecie o amor
como a faculdade que impulsiona sua habilidade. Aprendam a estimar este sagrado
instinto do amor mais que todos os mais seletos dons e O amor de Cristo deve
habitar ricamente em ti.
Jesus falou que deveríamos ser como
crianças. A infância é algo muito bom que todos deveríamos manter presente. Se
a esquecemos, nossas afetividades logo se secam, nosso comportamento fica
propenso a se tornar intratável, nossas opiniões se tornam bem mais altivas e
nosso egoísmo se torna muito repulsivo. Sendo o homem de maior destaque de seus
dias na igreja cristã, o qual exercia a mais ampla influência entre os convertidos
a Cristo, Paulo se lembrou do passado distante quando era jovem, e sua
lembrança foi muito oportuna.
Há sabedoria em sua reflexão: “Quando eu era menino, falava como menino,
pensava como menino, brincava como menino, mas quando me
tornei homem, deixei as coisas que eram de menino.” Compara assim duas etapas de sua vida natural, as quais
lhe servem como uma parábola. No conhecimento espiritual sentia que estava em
sua infância ainda. Sua maturidade, sua idade adulta plena, permanecia diante
de si como uma perspectiva futura. Podia imaginar facilmente um futuro desde o
qual olharia o seu eu atual como um mero aprendiz que andava tateando no seu
caminho entre as sombras da sua própria fantasia. “Pois agora”
– diz – “vemos com em espelho, obscuramente; mas então veremos
cara a cara. Agora conheço em
parte, mas então conhecerei como fui conhecido.”
Aqui Paulo emprega uma ou duas figuras
novas. “Como em espelho!” Talvez não sejamos
capazes de determinar a que tipo de espelho se refere,
mas a nós basta que o significado seja óbvio. Há uma grande diferença entre ver um objeto através de um obscuro instrumento e inspecioná-lo de perto, à vista. Em ambos os casos
havemos de ter o poder da visão, mas no último caso
podemos usá-la como maior vantagem. “Agora vemos como em
espelho, obscuramente”. Obscuramente, como se fosse
um enigma! Nossas percepções mentais são
tão frágeis que as claras verdades nos
desconcertam.
As palavras que nos instruem são quadros que precisam de uma explicação. Os pensamentos que nos comovem são visões que
flutuam em nossos cérebros e precisam de uma retificação. Oh, como
precisamos de uma visão mais clara! Precisamos de um conhecimento mais perfeito!
Prestem atenção, irmãos, que embora
tenhamos muitos motivos para a desconfiança, já que somente “vemos como em espelho obscuramente”, é um motivo de alegria que pelo menos a
vejamos. Graças a Deus, porque, em efeito, conhecemos;
mas para que sirva de freio à nossa altivez, conhecemos em parte. Amados, os
objetos que olhamos estão à distância e nós somos míopes. A revelação de Deus é ampla e profunda, porém nosso entendimento é
frágil e superficial.
Há coisas que agora consideramos muito
valiosas, porém, logo não terão nenhum valor para nós. Há algumas coisas que
conhecemos, ou acreditamos conhecer, e valorizamos demais nosso conhecimento;
porém quando alcançarmos a condição de homens, não daremos a esse conhecimento
um valor maior que um menino dá a um brinquedo quando se torna um homem. Nossa maioridade espiritual no céu jogará
fora muitas coisas que agora consideramos valiosas, assim como um homem adulto
abandona os tesouros de sua infância. E há muitas coisas que nos
acostumamos a ver que, uma vez que haja concluído esta vida passageira, não as
veremos mais. Embora nos deleitássemos nelas e agradassem nossos olhos enquanto
transitávamos nesta terra, dissipar-se-ão como um sonho quando alguém acorda;
não as veremos nunca mais, nem as desejaremos mais, pois nossos olhos – sob uma luz mais clara e ungidos com colírio – terão
visões mais resplandecentes, e nunca lamentaremos o que perdemos, diante da
presença das cenas mais lindas que haveremos de encontrar. Há outras coisas
que conhecemos agora e que nunca esqueceremos, as conheceremos para sempre, com
a diferença que será de forma plena, porque não teremos mais um conhecimento
parcial delas; e há algumas coisas que vemos agora e veremos na eternidade, só
que lá as veremos sob uma luz mais clara.
Entre
as coisas que vemos agora – todos aqueles que entre nós cujos olhos foram
iluminados pelo Espírito Santo – está o fato de que nos vemos a NÓS MESMOS.
Vermos
a nós mesmos é um dos primeiros passos da verdadeira religião. A maior parte dos
homens nunca viu a si mesmos. Viram a imagem aduladora de si mesmos e imaginam
que trata da própria cópia fac-símile sua, mas não o é. Os senhores e eu fomos instruídos pelo Espírito
Santo de Deus para vermos nossa ruína pela queda – lamentamos devido a essa
queda – tomamos consciência de nossa depravação natural, somos abatidos até chegar
ao pó por essa descoberta que nos mostrou nossa natureza pecaminosa real e como
transgredimos contra o Altíssimo.
Arrependemo-nos disto e fugimos em
busca do refúgio, em direção à esperança posta diante de nós no Evangelho. Dia
a dia vemos algo mais de nós mesmos – garanto-lhes que não vemos nada prazeroso
– porém isso é muito útil, pois é algo grande conhecer nosso vazio.
É algo importante descobrir nossa fraqueza;
é um passo essencial para nossa participação da fortaleza divina. Eu suponho
que quanto mais vivamos, mas nós veremos a nós mesmos e provavelmente cheguemos
a esta conclusão: “Vaidade das vaidades, tudo é vaidade”,
e clamaremos como Jó: “Eu sou vil”. Quanto mais descubramos coisas de nós mesmos,
mais nos sentiremos doentes de nós mesmos.
Não
duvido, porém, que no céu descobriremos que nem sequer a nós mesmos nos pudemos
ver sob a mais clara luz, senão “como em espelho”, “obscuramente”, somente como um
profundo enigma, já que entenderemos mais a cerca de nós mesmos no céu do que entendemos
agora. Lá, veremos como ainda não vimos,
que mal tão terrível foi a Queda, em que sepultura tão terrível caímos; e quão
rápido ficamos enganados nesse lugar cheio de lodo. Lá veremos a negrura do pecado
como jamais vimos aqui e entenderemos seu inferno merecido como até agora não
pudéramos ter feito senão a partir do momento em que olharmos o céu aonde nos
levará a misericórdia infinita. Quando cantemos “o Cordeiro que foi imolado é digno”, olharemos as roupas
que lavamos no Seu sangue e veremos quão embranquecidas ficaram. Entenderemos melhor que agora o quanto necessitávamos
da limpeza, quão carmesins eram as manchas e quão precioso era o sangue que fez
desaparecer as máculas escarlates. Lá, também, conheceremos nosso lado
brilhante melhor do que o conhecemos agora. Hoje sabemos que somos salvos e, portanto, nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus; porém, veremos
melhor este manto de justiça que nos cobre agora, e que nos
cobrirá então, e discerniremos quão lustroso é com seu bordado e com
seu ouro forjado; muito melhor que as pérolas e joias que
decoraram os mantos dos monarcas são o sangue e a justiça do
Deus Filho que se entregou por nós. Aqui sabemos que somos
adotados. Sentimos no espírito a condição de filhos. “Clamamos: Abba Pai!” Lá, porém,
conheceremos melhor em que consiste ser os
filhos de Deus, pois aqui ainda não se manifestou o que havemos de ser; porém quando estivermos lá, e quando Cristo se manifeste, seremos semelhantes a
Ele, porque veremos tal como Ele é, e entenderemos
plenamente o que significa gozar da
condição de filhos.
Assim, também, eu sei hoje que sou
coerdeiro com Cristo, porém tenho uma ideia muito pobre daquilo de que sou
herdeiro; lá, porém, verei as propriedades que me pertencem, e não somente verei,
como também as desfrutarei de fato. Todo cristão terá uma parte da herança imarcescível
e sem mancha, reservada no céu para ele, porque está em Cristo Jesus. É um com
Cristo, é um por eterna união. Temo, porém, que isso seja mais um enigma para
nós que um assunto inteligível. Vemo-lo como
um enigma agora, porém lá nossa união com Cristo será tão visível e tão clara
como as letras do alfabeto. Lá saberemos o que significa ser um membro de Seu corpo,
de Sua carne, de Seus ossos; lá entenderei o laço da união mística que une a
alma do crente a Cristo; lá verei como,
igual o ramo que brota do caule, minha alma está em união, em uma vital união
com seu Bendito Senhor Jesus Cristo. Assim, algo que vemos agora, mas que
veremos sob uma luz mais clara no mais além é: “a nós mesmos”.
Aqui também vemos a IGREJA, mas LOGO A
VEREMOS MUITO MAIS CLARAMENTE. Sabemos que há uma igreja de DEUS. Sabemos que o
Senhor tem um povo que escolheu desde antes da fundação do mundo; acreditamos
que os membros desse povo estão esparramados por todas as partes de nossa
terra, e em muitas outras terras. Há muitos deles que não conhecemos; há muitos
que se nós as conhecêssemos, me atreveria a dizer que não nos agradaria particularmente,
devido suas características externas: pessoas de aparência estranhas e talvez
de hábitos muito diferentes e, no entanto, apesar de tudo isso, elas constituem
o povo do Deus vivo.
Agora, nós conhecemos esta igreja,
conhecemos a sua glória e seus membros são impulsionados por uma só vida, são
vivificados. Lá conheceremos algo a mais do número dos escolhidos que
conhecemos agora, e poderá ser que para nossa surpresa, encontremos entre a companhia
dos escolhidos de Deus, alguns a quem em nossa amargura de espírito tínhamos
condenado, e lá sentiremos falta de alguns, que em nossa caridade, concebíamos
que estavam perfeitamente seguros. Então saberemos melhor quem são aqueles que
pertencem ao Senhor e quem são os que não pertencem, algo que jamais poderíamos
saber aqui. Na terra todos nossos processos de discernimento são falhos. Haverá
um rebanho com um Pastor, e Aquele que reina sobre o trono eternamente, será glorificado.
Quanta glória a Seu próprio Nome lhe
darão Seus redimidos, quando reunir a todos os que são chamados e escolhidos e
fiéis entre os filhos dos homens. Este é um dos gozos que estamos esperando:
que viremos à congregação dos primogênitos que estão inscritos nos céus, e
teremos comunhão com aqueles que têm comunhão com Deus por meio de Jesus Cristo
nosso Senhor.
Aqui vemos a providência de Deus, mas
ela está como em espelho, obscuramente. O apóstolo disse “como”
espelho. Havia vidro nos dias dos apóstolos, não do tipo da substância de que
são feitas nossas janelas, mas um vidro grosso, de cor opaca, não muito mais transparente
que o vidro que se usa na fabricação de garrafas comuns, de tal forma que se
olhássemos através de um pedaço de vidro não poderíamos ver muito. Isso se
assemelha ao que vemos agora da divina providência. Nós cremos que aos que amam
a Deus todas as coisas lhes cooperam para bem; vimos como obram conjuntamente
para o bem em alguns casos, e comprovamos que na prática é assim. Porém, ainda
assim, para nós se trata mais de um assunto de fé que um assunto de vista. Não
podemos dizer como “cada linha obscura e sinuosa se junta no centro de seu amor”.
Não percebemos ainda como Ele fará para que essas
obscuras dispensações de tribulações e
aflições que sobrevém a Seu povo realmente sirvam para Sua glória e para a
felicidade perene deles. Porém, lá em cima veremos a providência, por assim dizer,
cara a cara, e eu suponho que o
descobrimento de como o Senhor tratou conosco será uma de nossas maiores
surpresas. “Vamos” – diremos alguns de nós – “orávamos justamente contra essas
precisas circunstâncias que eram as melhores que
pudessem ter-nos sido designadas”.
“Ah!” – dirá outro – “eu me inquietei e
me turbei pelo que era, depois de tudo, a mais rica misericórdia que o Senhor
jamais me enviara”. Algumas vezes conheci pessoas que renegaram uma carta
que batia à sua porta, e aconteceu que, em alguns casos, continha algo muito
valioso e posteriormente o carteiro comentou: “Você desconhecia o conteúdo, pois
do contrário não a teria rejeitado”. E
Deus nos enviou frequentemente tal
preciosa quantidade de misericórdias no envelope negro da tribulação, que se
nós houvéssemos conhecido seu conteúdo, o teríamos aceitado, e nos haveríamos
alegrado de pagar por ele, contentes de lhe dar alojamento e abrigo; mas devido
o fato de vê-lo negro fomos rápidos em fechar a porta.
Agora, lá em cima não somente nos
conheceremos mais a nós mesmos, mas perceberemos em maior escala as razões de
muitos dos tratos de Deus para conosco.
Com certeza ao fim tudo sairá bem; tem
que sair bem, cada parte e cada porção hão de trabalhar conjuntamente numa unidade
de desígnio para promover a glória de Deus e o bem dos santos. O veremos lá e
elevaremos nosso cântico com zelo e gozo renovados, conforme novos esclarecimentos
da sabedoria e da bondade de Deus – cujos caminhos não podem ser descobertos – sejam
expostas diante de nossa assombrada visão.
Em quarto lugar, não estaríamos distorcendo
o texto se disséssemos que, embora conheçamos algo DAS DOUTRINAS DO EVANGELHO,
E DOS MISTÉRIOS DA FÉ, gradualmente ao cabo de alguns meses ou anos, conheceremos muitíssimo mais do que conhecemos agora. Há algumas
grandiosas doutrinas, irmãos e irmãs, que amamos encarecidamente, mas embora as
amemos, nosso entendimento é demasiado fraco para captá-las plenamente. Nós as
classificamos como mistérios; as reconhecemos reverentemente, porém, não nos
atrevemos a tentar explica-las. São assuntos de fé para nós.
Certamente, ainda quando for exaltada
no céu, nenhuma criatura será jamais capaz de compreender todos os pensamentos
do Criador; nunca seremos oniscientes; não podemos sê-lo – somente Deus sabe todas
as coisas e entende todas as coisas. Porém, quanto mais da autêntica verdade
haveremos de discernir quando as névoas e as sombras hajam dissipado, muito
mais entenderemos quando formos levantados àquela esfera mais elevada e dotada
de faculdades mais brilhantes, ninguém poderá dizê-lo. Provavelmente coisas que
nos desconcertam aqui serão lá tão claras como podem sê-lo. Talvez nos riamos
de nossa própria ignorância.
Oh quão pouco conhecemos, mas quanto mais
conheceremos! Estou certo de que conheceremos, pois está escrito: “Então conhecerei como fui conhecido!” Agora vemos as coisas como numa névoa e com frequência estamos
confundidos e não podemos conjecturar como se harmoniza uma parte com outra
parte pertencente ao mesmo sistema, nem discernimos como podem ser consistentes
todas essas doutrinas.
AQUI VEMOS A JESUS CRISTO, PORÉM NÃO O
VEMOS COMO LOGO VEREMOS. Vimo-lo por fé de tal forma que entendemos que nossas
cargas foram transferidas a Ele, e nossas iniquidades foram levadas por Ele ao
deserto, onde, se fossem buscadas, não seriam encontradas. Vimos a Jesus o
suficiente para saber que “todo Ele é desejável” (Cânticos 5); podemos dizer Dele que é “toda minha salvação e meu
desejo”.
A formosura do Rei nos cativou e
deixou embevecido nosso coração; no entanto, uma vez que cheguemos à corte do Grandioso
Rei, vamos declarar que Ele não nos havia dito nem a metade. Diremos: “Meus olhos o verão, e não outro”.
Chegaram muitas sugestões acerca do
que faremos no céu e que haveremos de desfrutar, mas tudo isso me parece longe
do objetivo comparado: “que estaremos com Jesus,
e seremos como Ele e contemplaremos Sua
glória”. Oh! Ver os pés que
foram pregados e tocar a mão que foi atravessada, e olhar a cabeça que levou os
espinhos, e nos inclinarmos diante Dele, que é inefável amor, indizível
condescendência e infinita ternura! Oh! Inclinar-se
diante Dele, e beijar esse rosto bendito!
Jesus, que mais necessitamos que ver-te através
de Tua própria luz, ver a Ti a falar Contigo, como quando um homem fala com seu
amigo?
Ele será quem cativará nosso olhar,
quem absorverá nossos pensamentos, quem prenderá nosso afeto e elevará nossas
sagradas paixões ao ponto mais alto do ardor celestial. Veremos a Jesus.
Está
escrito que os limpos de coração verão a Deus. Deus é visto agora
em suas obras e em sua PALAVRA. Na verdade, estes olhos pouco poderiam suportar
ver a visão beatífica, porém temos razões para esperar que na medida em que as
criaturas possam tolerar a visão do infinito Criador, ser-nos-á permitido que
vejamos a Deus.
Então entenderemos
mais sobre Deus do que entendemos agora; estaremos mais próximos Dele, mais
familiarizados com Ele e mais cheios Dele. O amor de Deus será derramado abundantemente
em nossos corações; conheceremos a nosso Pai como ainda não O conhecemos; conheceremos
ao Filho num grau mais pleno do que nos foi revelado até agora, e conheceremos
o Espírito Santo em Seu amor pessoal e ternura para conosco, muito além de
todas essas influências e operações que nos reconfortou em nossas aflições e nos
guiou em nossas perplexidades aqui embaixo.
Eu, cuja consciência viu-se aterrada
ao ouvir a voz de Deus proclamando Sua santa lei; eu, cujo coração derreteu
quando irrompiam em meus ouvidos os ternos tons de Seu bendito Evangelho nesses
fragmentos que aliviam o peso da profecia; eu que reconheci no bebê de Belém a
esperança de Israel; no homem de Nazaré, o Messias que viria; na vítima do Calvário,
o único Mediador; em Jesus ressuscitado, o bem-amado Filho. Para mim, verdadeiramente,
Deus encarnado foi tão palpavelmente revelado que quase vi a Deus, pois vi a
Jesus, por assim dizer, em quem toda a plenitude da Deidade, habita corporalmente.
Ainda assim, vejo “como em espelho, obscuramente”.
COMO SERÁ EFETUADA ESTA MUDANÇA TÃO
NOTÁVEL? POR QUE VEREMOS MAIS CLARAMENTE ENTÃO DO QUE AGORA?
Aqui a luz é como a Aurora. É um tênue
crepúsculo. No céu será o incêndio do meio dia. Deus declarou algo de Si mesmo
por boca de seus santos profetas e apóstolos. Agradou-Lhe falar-nos mais claramente
através dos lábios de Seu Filho, a quem nomeou herdeiro de todas as coisas,
para nos mostrar mais abertamente os pensamentos de Seu coração e o desejo se
Sua vontade.
Deus, o único sábio Deus, descobrirá
para nós os mistérios e nos exibirá a glória do Deus sempiterno. A revelação que
agora temos é apropriada para nós como homens revestidos com nossos pobres
corpos mortais; a revelação então será apropriada para nós como espíritos
imortais. Quando sejamos ressuscitados dos mortos, a revelação será apropriada
para nossos corpos espirituais e imortais. Aqui também estamos distanciados de muitas
das coisas das quais desejamos conhecer, mas lá estaremos mais próximas delas.
Vemos
Cristo através do telescópio da fé, mas então o veremos cara a cara. Sua presença literal
e corporal está no céu, desde que foi levado para cima, e nós precisamos ser
levados para cima de igual maneira para estarmos com Ele, ali onde está, para que
possamos contemplá-Lo literalmente. Aproxime-se do manancial e entenderás muito
mais; situe-se no centro e as coisas parecerão regulares e ordenadas.
Cheguemos a Deus, o centro, e veremos como
a providência gira em torno do Seu trono de safira.
Nós mesmos, também, quando cheguemos
ao céu estaremos mais qualificados para ver do que estamos agora.
Nossos órgãos naturais estão adaptados
para nossa presente esfera de ser; e nossas faculdades mentais estão, no caso
da maioria de nós, adequadamente adaptadas a nossos requerimentos morais. Se soubéssemos
mais de nossa própria pecaminosidade, poderíamos ser conduzidos ao desespero;
se conhecêssemos mais da glória de Deus, poderíamos morrer de terror; se
tivéssemos mais entendimento, a menos que tivéssemos uma capacidade equivalente
para emprega-lo poderíamos estar cheios de arrogância e atormentados pela
ambição. Porém lá em cima teremos nossa mente e nossos sistemas fortalecidos
para receber mais, sem o dano que nos viria aqui por pularmos sobre os limites
da ordem supremamente designados e regulados divinamente.
Aqui temos a fumaça do cuidado
cotidiano, o pó constante do trabalho árduo, a névoa do problema que se levanta
perpetuamente. Não se poderia esperar que víssemos muito dentro dessa atmosfera
cheia de fumaça; porém quando atravessemos mais além, não vamos encontrar jamais
nuvens congregadas ao redor do sol que ocultem seu sempiterno resplendor. Lá
tudo é claro. A luz do dia é serena como o meio dia.
Oh, alegre-se pela visão que tem,
querido. É Deus quem a deu a você. Você é um cego de nascimento, e “Desde
o princípio não se ouviu dizer que alguém pudesse abrir
os olhos de
um cego”. Este
milagre foi operado em ti e podes ver, tu podes dizer: “Uma coisa sei, que tendo
sido eu cego, agora vejo”.
Nosso texto nos ensina que esta frágil
visão é muito esperançosa. Tu verás melhor pouco a pouco.
Outra
lição é a da paciência de uns para com os
outros.
Os assuntos dos quais falamos hão de suavizar asperezas de nossos debates;
quando estamos disputando acerca de pontos de dificuldade havemos de sentir que
não devemos nos irar por sua causa, porque depois de tudo, há limites para
nossa capacidade presente assim também como para nosso conhecimento atual. Nossas
disputas são frequentemente infantis. Bem poderíamos deixar algumas perguntas
em suspenso durante algum tempo. Duas pessoas na escuridão diferem em relação a
uma cor e estão lutando ruidosamente a respeito. Se introduzíssemos velas e iluminássemos
elas não mostrariam o que era; porém se o olhássemos amanhã pela manhã, quando
o sol brilha, poderíamos saber de que cor se tratava. Quantas dificuldades na
palavra de Deus são dessa ordem! Ainda não podem ser discriminadas justamente;
até que o dia amanheça, nem todos os símbolos apocalípticos serão transparentes
para nosso próprio entendimento.
Além disso, não temos tempo a desperdiçar
enquanto haja tanto trabalho por fazer. Já se desperdiçou muito tempo.
Quando algumas das coisas que
conhecemos forem abertas para nós, confessaremos os erros que cometemos e
regozijaremos na luz que receberemos. É natural que queiramos conhecer, mas não conheceremos como somos conhecidos até
que estejamos presentes com o Senhor. Agora estamos numa escola e somos
crianças inocentes. Logo iremos a uma universidade – à Grande Universidade do
Céu – e receberemos nosso diploma lá. Porém, para alguns de nós em lugar de
estarmos ansiosos por ir, estremecemos diante do pensamento da morte, aterra-nos
atravessar a porta do gozo! Há muitos seres que morrem subitamente; outros
morrem enquanto dormem e outros transitaram do tempo à eternidade passando quase
despercebidos diante de quem os acompanhavam junto a seus leitos. Podem ter
certeza disso: não há dor por morrer; a dor é por viver. Quando deixarem de
viver aqui, acabarão as dores. Não culpem a morte por aquilo pelo qual não
merece ser culpada; a vida subsiste na dor; a morte é o final da dor. O homem
que tem medo de morrer deveria ter medo de viver. Deve estar contente em qualquer
momento que a vontade do Senhor assim ordene.
Encomenda teu espírito à Sua Guarda.
Quem que somente tenha visto os vislumbres de Seu rosto resplandecente, não
desejaria ver Seu rosto, que é como o sol que brilha em sua potência? Oh, Senhor
seja feita a Tua vontade! Vemos agora e esperamos ver ainda melhor? Então,
bendigamos o nome do Senhor, que nos escolheu por Sua benignidade e por Sua
infinita misericórdia. Por outro lado,
deve ser causa de grande ansiedade se não crer em Jesus, pois quem não creu
Nele, moribundo como está, não verá nunca o rosto do Senhor com gozo.
Oh incrédulo! Preocupa-te por tua alma
e busque a Ele e peça socorro. Oh, que Deus abrisse teus olhos nessa mesma oração!
É uma benção que conheças em parte.
Que
conhecer a Ele seja tua feliz porção, já que esse conhecimento é vida eterna.
FONTE
Traduzido de http://www.spurgeon.com.mx/sermon1002.pdf
Todo direito de tradução protegido por lei internacional de domínio
público e com permissão
Sermão nº 1002—Volume 17 do The Metropolitan Tabernacle Pulpit,
Original em inglês: NOW, AND THEN
Tradução: Weslei Roberto Cândido
Revisão: Armando Marcos
Projeto Spurgeon – Proclamando a CRISTO crucificado.
www.projetospurgeon.com.br
@ProjetoSpurgeon
Publicado no Projeto em novembro de
2011
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