Você já deve ter observado que
sempre antes de uma tempestade, a luz e a claridade são encobertas pela
escuridão e trevas.
Por vezes é exatamente isso que
acontece no curso da vida. Quem nunca passou por um momento no qual não
conseguiu perceber a luz?
Em situações diferentes, todos
passam por esse “vale”.
Quem sabe não seja essa sua
localização atual. Pense agora em sua maior dificuldade, exatamente aquilo que aflige sua alma.
JESUS CRISTO pode e quer ajuda-lo, tanto como é certo que durante a tempestade o Sol continua no mesmo
lugar e apesar de toda a escuridão a luz ainda brilha, embora esteja “momentaneamente” encoberta pelas nuvens. ELE é a luz que dissipa as trevas.
Você pode estar aflito em seu
sofrimento, mas tenha em mente que, “Dentre todas as dores, nenhuma é comparável a que Jesus enfrentou e entre todas as aflições, nenhuma corre paralela às de nosso
grandioso Substituto.
“Mas ele foi
ferido por causa das nossas transgressões, e moído por causa das nossas
iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas
pisaduras fomos sarados.” (Isaias 53:5)
A batalha desse momento que você e eu participamos de uma ou
outra forma é como nada comparada com essa batalha na qual todos os poderes das
trevas com seus compactos batalhões lançaram-se contra o Todo Poderoso Filho de
Deus. Ele resistiu sua investida inicial, suportou o tremendo golpe de seu
assalto, e ao fim, com gritos de vitória, levou cativo o cativeiro.
Por esse motivo eu posso afirmar que se nesse momento você estiver em meio as trevas ou se o seu espírito estiver imerso na
escuridão, não se desespere, pois o próprio Senhor esteve
lá e é poderoso para o livrar com mão forte e braço estendido
Você tem noção da grandeza do
seu Deus?
Segue abaixo trechos de um
sermão de Charles H.Spurgeon para meditação:
As três horas de trevas
Sermão pregado no Domingo
de 18 de Abril de 1886.
Por Charles Haddon Spurgeon.
No Tabernáculo
Metropolitano, Newington, Londres
“E desde a hora sexta houve trevas sobre toda a terra, até à hora
nona. ” (Mateus 27:45).
Nunca percam de vista que esse milagre de fechar
os olhos do dia, exatamente ao meio-dia, foi realizado por nosso Senhor em Sua
debilidade. Ele havia caminhado sobre o mar, ressuscitado mortos, e sarado aos
enfermos nos dias de Sua força, porém agora, decaiu baixíssimo, está sem forças
e sedento. Ele se movimenta nos limites da dissolução, no entanto, possui o
poder de escurecer o sol exatamente ao meio-dia. Ele é o verdadeiro
Deus.
Se Ele pode fazer isso em Sua debilidade, o que
não poderá fazer em Seu poder?
Se nosso Senhor pôde trazer a escuridão ao
morrer, que glória não poderíamos esperar agora que Ele vive para ser luz da
cidade de Deus para sempre?
A hora mais grandiosa de toda a história humana
dava a impressão que passaria sem que se a notasse, quando, subitamente, a
noite saiu apressadamente de suas habitações e usurpou o dia.
Não só no Calvário, mas também em todas as
colinas, e em cada vale, as trevas baixaram. Houve um hiato na caravana da vida.
Em volta desse grandioso leito de morte conseguiu-se
uma quietude apropriada. Não duvido que um gélido terror apoderou-se das massas
das pessoas e que os homens prudentes anteciparam coisas terríveis. Os que
tinham permanecido ao redor da cruz e se atreveram a insultar a majestade de
Jesus, estavam paralisados de terror. Eles cessaram com sua obscenidade e
deixaram de cruelmente se alegrarem. Até mesmo os mais vis deles estavam
atemorizados, ainda que não convencidos – os demais “se golpeavam nos peitos.”
Deve existir um grande ensino nessas trevas, pois
quando nos aproximamos da cruz, que é o centro da história, cada evento está
repleto de significado. Luz saltará dessas trevas. Amo sentir a solenidade das
três horas de sombras de morte, assentar-me ali e meditar, sem nenhuma
companhia, exceto a do Augusto Sofredor, em cujo redor desceram as trevas. Irei
apresentar alguns pontos, segundo o Espírito Santo me guie.
Em primeiro lugar, contemplemos essas trevas como
UM MILAGRE QUE NOS ASSOMBRA.
Parece-me que, aceitando a existência de Deus, os
milagres devem ser esperados como uma declaração ocasional de Sua independência
e de Sua vontade ativa.
Conforme os companheiros de nossa juventude
morrem ao nosso lado, já não somos tomados pela surpresa, pois a morte está em
todo nosso derredor. Porém, que o Filho de Deus morra isso está mais além de
toda expectativa, e não só por acima da natureza, mas até mesmo contrário a
ela. O que é igual a Deus, suspende numa cruz e morre. Não sei que outra coisa
poderia parecer mais fora de toda regra e mais além de toda expectativa que
isso. Que o sol se tenha escurecido ao meio dia é um acompanhamento adequado à
morte de Jesus.
Quando a lua está cheia, não está em uma posição
que possa projetar sua sombra sobre a terra. A Páscoa dos judeus ocorria na lua
cheia e, portanto não era possível que houvesse um eclipse solar.
Não me atreverei a explicar a morte do Deus
encarnado. Basta-me crer nela, e depositar minha esperança.
Não sabemos como o inocente Filho de Deus pode
sofrer por pecados que não eram seus, surpreende-nos que a justiça permita que
Alguém tão perfeitamente santo seja levado a clamar “Eloi, Eloi, Lama Sabactani?”
Porém, assim aconteceu, e tal por decreto da mais excelsa justiça, e nos
alegramos por isso.
Nossa fé se sente em casa na terra das
maravilhas, onde os pensamentos do Senhor encontram-se tão altos sobre nossos
pensamentos, assim como os céus são mais altos que a terra.
Agora, dentre todas as dores, nenhuma é
comparável a de Jesus e de todas as aflições, nenhuma corre paralela às de
nosso grandioso Substituto.
Da mesma maneira que a luz mais poderosa projeta
a sombra mais profunda, assim o surpreendente amor de Jesus custou-lhe uma
morte que não é a sorte comum dos homens.
Todas as coisas na história humana convergem na
cruz, que não parece ser para nada uma ocorrência ou um recurso posterior, mas
sim o canal adequado e ordenado desde o princípio pelo qual correria o amor até
alcançar o homem culpado.
Fora do alcance do olho mortal o Senhor fez a redenção
de Seu povo. Ele fez em silêncio um milagre de paciência e amor, por meio do
qual a luz veio aos que habitam nas trevas e no vale das sombras da morte.
Havia algo mais que angústia no Calvário: o desprezo amargava tudo.
As zombarias, essas cruéis piadas, os escárnios, sinais que eles fizeram com a
língua, que diremos disso tudo? Algumas vezes senti uma pequena simpatia por
esse príncipe francês que falava: “Se eu tivesse estado lá com meus guardas,
teria varrido todos esses desgraçados.” Era
um espetáculo demasiadamente terrível: a dor da vítima era extrema, porém, quem
poderia suportar a abominável iniquidade dos zombadores?
Jesus devia morrer, para Sua dor não podia
existir alívio, e não podia ser liberto da morte, porém, os burladores deviam
se calar. Da maneira mais efetiva suas bocas foram fechadas pelas densas trevas
que os envolveram.
Quando Deus levanta Seu Filho, e o faz visível,
esconde o pecado dos homens. Ele diz que “Deus, tendo passado por alto os
tempos dessa ignorância.” Ainda
mesmo a grandeza de seus pecados Ele dá as costas, de tal forma que não precisa
mais vê-los, mas pode exercer Sua paciência, e permitir que Sua piedade suporte
as provações dos homens.
Eu bendigo devotamente a Deus por esconder dessa
forma a meu Senhor. Assim, Ele foi coberto dos olhos que não eram dignos de ver
o Sol e muito menos de ver ao Sol da Justiça.
A teologia moderna possui
como seu principal objetivo o obscurecimento da doutrina da expiação. Esses
modernos polvos tingem de negro a água da vida. Fazem do pecado algo sem
importância, e seu castigo só um assunto temporal degradando assim o remédio ao
retirar a importância da enfermidade.
Chegaram a amar as trevas
mais que a luz porque suas obras são más. Nessas trevas eles não se arrependem,
mas sim seguem rejeitando ao Cristo de Deus.
“Deus meu, Deus meu,
porque me desamparaste?” Não foi a coroa de espinhos, nem o látego, nem a cruz
que o motivaram a clamar, mas sim a escuridão, a terrível escuridão do abandono
que oprimia Sua mente e o fazia sentir um completo atordoamento.
Vejo também nessa escuridão aquilo com o que
Jesus estava combatendo; porque jamais devemos esquecer que a cruz
era um campo de batalha para Ele, onde triunfou de maneira gloriosa. Nesse
momento, estava combatendo com as trevas, com os poderes da escuridão dos
quais, Satanás é o cabeça – com as trevas da ignorância humana, com a
depravação e com a falsidade. A batalha que foi tão evidente no Gólgota foi da
mesma intensidade desde sempre. Nesse momento o conflito chegou a seu clímax –
pois os caudilhos dos grandes exércitos enfrentaram-se em um conflito pessoal.
A batalha desse momento
que você e eu participamos de uma ou outra forma é como nada comparada com essa
batalha na qual todos os poderes das trevas com seus compactos batalhões
lançaram-se contra o Todo Poderoso Filho de Deus. Ele resistiu sua investida
inicial, suportou o tremendo golpe de seu assalto, e ao fim, com gritos de
vitória, levou cativo o cativeiro.
Ele, por Seu poder e
Divindade, converteu a meia-noite em dia novamente, e trouxe de novo para esse
mundo um reino de luz que, bendito seja Deus, jamais terá fim.
Não tenhamos medo de toda
escuridão que nos ronda a caminho de casa, já que Jesus é a luz que conquista
tudo.
Meus irmãos, nenhuma luz
virá aos corações submersos na escuridão a menos que Jesus fale, e a luz não
será clara a menos que ouçamos a voz de Suas aflições por nossa causa, conforme
exclama: “porque me desamparaste?” Sua voz
de dor deve ser o fim de nossas dores, Seu grito nas trevas deve alegrar nossas
tristezas, e deve trazer a manhã celestial para nossas mentes.
Todas as luzes são
frágeis quando Cristo não brilha. Tudo é escuridão quando Ele não brilha.
Meus irmãos, vocês logo
perdem suas energias, seus espíritos desmaiam, e suas mãos se cansam se o
Cristo não está com vocês.
Todo nosso trabalho e
esforço terminarão em vaidade a menos que o trabalho e esforço de Cristo sejam
nossa primeira e única esperança.
O pecado que ocultou
Cristo em trevas e o fez morrer em trevas, escurece o mundo todo. O pecado que
ocultou a Cristo em trevas e o fez pender da cruz, está escurecendo aos que não
creem Nele.
Se nos encontramos em
trevas nesse momento, se nossos espíritos estão imersos na escuridão, não
desesperemos, pois o próprio Senhor Cristo esteve lá.
Caso eu tenha caído na miséria por causa do pecado, não devo abandonar toda
esperança, pois o Amado do Pai passou por uma escuridão mais densa que a minha.
Ele está onde a mulher de
espírito contristado move seus lábios em oração.
Fique quieto em sua negra
aflição, e diga: “Oh, Senhor, o pregador me diz que Tua cruz uma vez esteve em
tal negridão como essa. Oh Jesus, ouve-me!” Ele te responderá: O Senhor irá
vigiar desde o pilar das nuvens e derramará uma luz sobre você. “Pois conheci suas angústias,” Ele
disse. O quebrantamento do coração não é algo estranho para Ele. Cristo também
sofreu uma vez pelo pecado. Confia Nele e Ele fará que Sua luz brilhe sobre
você. Descanse Nele, e Ele o livrará desse deserto tenebroso, e o levará à
terra do descanso.
Se você encontrou ao
Senhor, o exorto a que jamais o deixe ir, una-se a Ele até que o dia venha e as
sombras fujam. Que Deus o ajude a fazer isso por Jesus! Amém.
Deus abençoe sua vida!
FONTE
Traduzido
de http://www.spurgeon.com.mx/sermon1896.html
Todo direito de tradução protegido por lei internacional de
domínio público
Sermão nº 1896— THE THREE HOURS OF DARKNESS - do
volume 32 do TheMetropolitan Tabernacle Pulpit,
Tradução e revisão:
Armando Marcos Pinto
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