Os quais pela fé... alcançaram promessas... (Hebreus 11:
33)
Existe uma certeza cujo efeito é tremendo no Reino de
Deus, a fé. Ela é capaz de mover o coração de Deus.
A fé determina confiança e produz certeza no coração do
homem.
A bíblia relata que Deus se alegra quando encontra fé no
coração do homem, e afirma que “Sem
fé é impossível agradar a Deus.” (Hebreus 11:6).
A verdadeira fé não se abala durantes as tempestades da
vida, mas permanece firme e constante.
Em certas situações é difícil vivenciar essa afirmação,
não é mesmo?
Quantas vezes sua fé oscilou, ou pareceu ter enfraquecido
em meio às lutas?
Lembre-se: “Sem
fé é impossível agradar a Deus.” Hebreus 11:6.
E se não agradar a Deus, terá fracassado no principal
propósito de sua vida.
Você se considera autossuficiente ou consegue perceber
sua fragilidade?
Tem depositado sua confiança na força do seu braço ou
derramado sua alma aos pés do Senhor?
Algumas escolhas determinam nosso destino aqui nessa
vida, como também na vindoura. Olhe para dentro de si mesmo e faça uma autoanalise: Qual a qualidade de sua fé? Se estiver fraca, Cristo pode lhe ajudar a aumenta-la.
Ele pode realizar muito além do que você e eu podemos imaginar.
Gostaria de compartilhar alguns trechos do sermão
intitulado: Fé, de Charles H.Spurgeon.
Ele nos ajuda a entender algumas coisas que precisamos
aprender.
Algumas vezes achamos que nossa fé é suficiente, mas
quando nos deparamos com nossas limitações, percebemos o quanto precisamos
melhorar...Segue abaixo trechos desse maravilhoso sermão:
Fé, de Charles
H.Spurgeon
Sermão pregado na manhã de domingo, 14 de dezembro de 1856,
Por Charles Haddon Spurgeon,
No Music Hall, Royal Surrey Gardens.
“Sem fé é impossível agradar a
Deus.” Hebreus 11:6.
O fim principal do homem nesta vida e na vindoura,
assim cremos, é agradar a Deus, seu Criador. Se um homem agrada a Deus, faz o
que mais lhe convém para seu bem-estar temporal e eterno. O homem não pode
agradar a Deus sem atrair para si muita felicidade, pois se alguém agrada a
Deus, é porque Deus o aceita como seu filho.
Se estivermos certos de que quando declaramos
que agradar a Deus é ser feliz, então a única pergunta importante é: “Como
posso agradar a Deus?” E há algo muito solene no
que diz nosso texto: “Sem fé, é
impossível agradar a Deus.”
Ou seja, você pode fazer o que quiser,
esforçar-se tanto quanto puder, viver da maneira mais excelente que quiser,
apresentar os sacrifícios que desejar, distinguir-se como puder em tudo aquilo
que é honrável e de boa reputação; contudo, nada disso pode ser agradável a Deus,
a menos que leve o ingrediente da fé. Como disse o Senhor aos judeus: “Em toda
oferenda, oferecerás sal”, assim Ele diz a nós: “Em tudo o que fazes, deves
trazer fé, pois do contrário, sem fé é impossível agradar a Deus.”
Nunca haverá uma oferta aceitável que não
esteja temperada com a fé.
O que é a fé?
Os antigos escritores nos dizem que a fé
se compõe de três elementos:
conhecimento, aceitação e confiança, ou seja, apropriar-se do conhecimento ao qual lhe damos
nossa aceitação e o fazemos ao confiar nEle.
O primeiro elemento da fé é o conhecimento. Um homem não pode crer no que não conhece.
É inútil que um homem afirme: “Sou crente”
e, contudo, não saiba em que crê.
Se ele diz “Eu creio” e não sabe no que
crê, como isso pode ser essa uma fé verdadeira?
Deve existir certo grau de conhecimento
antes que possa haver fé. “Esquadrinhas as Escrituras”, pois, “porque nelas
julgais ter vida eterna; e são elas que dão testemunho de Cristo.”
Mas um homem pode saber algo, e, contudo
pode não ter fé. Pode saber algo e não crer. Por conseguinte, o consentimento deve acompanhar a fé; isto é, devemos crer no que conhecemos e
ter a certeza que é a verdade de Deus. Agora, para ter fé, não basta só que eu leia
as Escrituras e as entenda, mas devo recebê-las em minha alma como a própria
verdade do Deus vivente. E com devoção e com todo meu coração devo receber
todas as Escrituras como inspiradas pelo Altíssimo, contendo toda a doutrina
que Ele requer que eu creia para minha salvação.
Todo aquele que quer ser salvo deve conhecer
as Escrituras e dar-lhe seu total consentimento.
Mas um homem pode ter tudo isto e,
contudo, não ter a fé verdadeira. Pois o essencial da fé está no terceiro
elemento, ou seja, na confiança na Verdade. Não somente em crer nela, mas em fazê-la nossa e descansar
nela para nossa salvação.
A fé verdadeira, em sua essência se baseia
nisto: em apoiar-se em Cristo. Não me salvará somente saber que Cristo é um Salvador. Mas
me salvará se confio nEle para que seja meu Salvador.
Serei salvo quando fizer dessa expiação
minha confiança, meu refúgio e meu tudo. A essência da fé está nisto:
colocar-se sobre a promessa.
Exemplificando: Suponhamos que no aposento
mais alto de uma casa está acontecendo um incêndio. As pessoas se amontoam na
rua. Uma pessoa se encontra na habitação que está em chamas. Como escapará? Não
pode saltar para baixo pois morreria de imediato. Um homem forte exclama:
“Salta em meus braços!” Uma parte da fé é crer que o homem está ali, e outra
parte da fé é crer que o homem é suficientemente forte para segurá-lo. Mas a essência
da fé está em atirar-se nos braços deste homem. Essa é a prova da fé e sua
verdadeira essência. Esta é a fé que salva.
A fé é a graça que submete o pecador
e não há nada que possa fazer com que um homem se humilhe sem fé.
Agora, a menos que uma pessoa se humilhe,
seu sacrifício não pode ser aceito.
Devemos ir até Cristo de joelhos. Pois
ainda que Cristo seja uma porta suficientemente grande para que o maior dos
pecadores possa entrar, Ele é uma porta tão baixa que os homens precisam se inclinar,
caso queiram ser salvos. Por isso a fé é necessária, pois a incredulidade é uma
evidência certa de falta de humildade.
A fé é necessária para a salvação porque a Escritura nos ensina que
as obras não podem salvar.
“É Cristo e somente Cristo quem pode
abrir a porta do céu para você. Não suas boas obras.”
“São por acaso inúteis nossas boas
obras?”
“Não, não depois da fé”. Se você
primeiramente crê, poderá ter tantas obras como queira. Mas se você crê, nunca confiará
nelas. Pois se confiar nas boas obras, já as teria corrompido e não serão mais
boas obras. Tenha tantas boas obras quanto desejar, mas deposite sua confiança
em nosso Senhor Jesus Cristo. Se não fizer assim, sua chave nunca abrirá a
porta do Céu.”
Sem fé é impossível serem salvos e
agradar a Deus, porque
sem fé não há união com Cristo. E
a união com Cristo é indispensável para nossa salvação. Se eu chego diante do Trono
de Deus com minhas orações, elas nunca serão respondidas, a menos
que leve a Cristo comigo.
Deus não negará nada ao homem que anda de
braço dado com Cristo.
A união com Cristo é o essencial.
“Sem
fé é impossível agradar a Deus.”
Porque sem fé é impossível perseverar
na
santidade. Se você é um verdadeiro cristão, um seguidor de Jesus, que assim o
diga e sustente sua fé e palavra. Não há razão de envergonhar-se
disso. A única coisa que devemos nos envergonhar é da hipocrisia.
Sejamos honestos quando professamos nossas crenças e isto será nossa
glória. Uma vez, um americano que possuía escravos, na ocasião da compra de mais
um, perguntou ao vendedor: “Diga-me honestamente quais são seus defeitos.” O vendedor respondeu: “Não tem nenhum defeito, que
eu saiba, exceto um, e esse defeito é que ele ora.” “Ah!”,
exclamou o comprador, “isso não me agrada, mas sei de algo que o curará
logo desse mal”. Então, na noite seguinte, Cuffey (assim se chamava o escravo)
foi surpreendido na plantação por seu novo amo enquanto orava
pedindo por seu novo dono, sua esposa e família. O homem escutou a oração e na hora não disse nada. Mas, na manhã seguinte chamou Cuffey e disse-lhe: “Não quero discutir contigo homem, mas não aceitarei orações em minha propriedade. Então, abandone esta
prática.” “Meu amo,” respondeu o escravo, “não posso deixar de orar”. Eu
devo orar sempre.” “Se insistes em orar, te ensinarei a fazê-lo.” “Meu amo, devo continuar fazendo isto.” “Bem, então te darei vinte e cinco açoites por dia, até que deixe de fazer isto.”
“Meu amo, ainda que me açoites cinquenta vezes, devo orar.” “Pois, por
causa de toda insolência que responde ao seu amo, receberá os açoites
de imediato.” Então, amarrando-o, lhe deu vinte e cinco açoites e perguntou se
iria orar de novo. “Sim, meu amo, devemos orar sempre, não podemos deixar de orar.” O amo o olhou para ele
assombrado. Não podia entender como um pobre homem poderia continuar orando, quando
não parecia fazer-lhe nenhum bem e só lhe trazia perseguição. O senhor contou á sua esposa o que aconteceu. Sua esposa lhe disse: “por que não permites que o pobre homem ore? Cumpre muito bem com seu trabalho. A você e a mim não nos interessa o tema da oração, mas não há nada de mal em deixá-lo
orar, sobretudo, se continua realizando bem seu trabalho.” “Mas a
mim não agrada,” respondeu o amo. “Espantei-me tremendamente. Se você tivesse visto como ele me olhava” “Estava com raiva?” “Não,
isso não me incomodaria. Mas depois de tê-lo açoitado, me olhou com
lágrimas nos olhos como se tivesse mais pena de mim, do que dele mesmo.”
Nessa mesma noite o amo não conseguiu dormir. Dava voltas na cama de um lado a outro. Lembrou-se dos seus pecados. Lembrou que
havia perseguido a um santo de Deus. Levantando de sua cama, falou: “esposa, podes orar por mim?” “Nunca orei em minha vida,”
respondeu ela, “não posso orar por ti.” “Estou perdido,” disse ele, “se
alguém não orar por mim. Eu não posso orar por mim mesmo.” “Não conheço ninguém na plantação que saiba orar, exceto Cuffey,” disse a
esposa. Fizeram soar a campainha e trouxeram a Cuffey. Tomando a mão
de seu escravo, o amo falou: “Cuffey, podes orar por mim?” “Meu
amo,” respondeu o escravo, “tenho orado pelo senhor desde que
mandou-me açoitar e tenho a intenção de seguir orando sempre pelo
senhor.” Cuffey pôs-se de joelhos e derramou sua alma em lágrimas e tanto a esposa como o marido foram convertidos. Este homem não poderia conseguir isto sem fé. Sem fé, não teria sustentado
sua decisão, e teria exclamado: “meu amo, neste momento deixo de orar.
Odeio os açoites do homem branco.” Mas por causa da perseverança e por
sua fé, o Senhor o honrou e deu-lhe a alma de seu amo em recompensa. Querido leitor: você tem fé? Crê no Senhor Jesus Cristo de
todo seu coração? Se sua resposta for sim, então pode confiar que está
salvo. Quem tem fé, renunciou
sua justiça própria. Se você põe um átomo de confiança em si mesmo, não tem nenhuma fé. Se põe uma
partícula de confiança em qualquer outra coisa que não seja a obra de
Cristo, não tem fé. Se tem fé, então podes dizer – “Nada em minha mãos trago, somente à Cruz me agarro.” A fé verdadeira
pode ser reconhecida por isto: Expressa
grande estima
pela Pessoa de Cristo. Ama a Cristo? Darias tua vida por Ele? Buscas
servi-lo? Ama o povo de Deus? Aquele que tem fé verdadeira, terá também submissão
verdadeira. Se um homem diz ter fé e não tem obras, está mentindo. Pois, ainda que
não confiemos nas boas obras, sabemos que a fé
sempre gera boas obras e gera santidade.
Que o Senhor nos ajude a ter a fé
verdadeira!
FONTE
Traduzido de http://www.spurgeon.com.mx/sermon107.html
Todo direito de
tradução protegido por lei internacional de domínio
público
Sermão nº107— The Faith do volume 3 do New Park Street Pulpit,
Tradução: Higor Fernando
Revisão e diagramação:
Armando Marcos Pinto
Capa: Victor Silva